SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidenciável Sergio Moro (Podemos) recusou uma proposta do grupo Prerrogativas, que reúne advogados e profissionais do direito, para participar de um debate com outros ex-ministros da Justiça, depois que o ex-juiz disse que só aceitaria um enfrentamento com Lula (PT).

O coletivo jurídico, que se tornou uma pedra no sapato da pré-candidatura do ex-magistrado da Operação Lava Jato, sugeriu um encontro com ex-titulares da pasta nos governos PT e PSDB.

O ex-ministro José Eduardo Cardozo (governo Dilma) e José Carlos Dias (governo Fernando Henrique Cardoso) foram sondados. O primeiro disse que topa a ideia: "Espero que ele [Moro] aceite debater com colegas, ex-ministros da Justiça. Acredito que seria uma indelicadeza muito grande ele não aceitar".

O segundo preferiu declinar, alegando a intenção de se manter mais discreto na arena eleitoral, em razão de sua atuação como presidente da Comissão Arns, entidade de defesa dos direitos humanos criada após a eleição de Jair Bolsonaro (PL). Outros nomes também serão procurados.

À reportagem Moro reiterou, via assessoria de imprensa, que admite apenas confrontar Lula, condenado e preso por ele na Lava Jato e hoje o líder das pesquisas de intenção de voto para o pleito de outubro.

"O debate de propostas em 2022 é entre pré-candidatos, portanto Sergio Moro vai debater com Lula", afirmou a equipe do ex-juiz.

O Prerrogativas diz manter o convite e sustenta que a iniciativa não possui caráter eleitoral. A intenção, de acordo com a organização anti-Lava Jato, é fazer um debate sobre o sistema de Justiça e os pontos controversos da atuação de Moro na magistratura.

O primeiro convite público para Moro participar de um debate com a associação veio na sexta-feira (14), depois que o pré-candidato criticou o Prerrogativas em redes sociais e em uma entrevista à revista Veja.

Moro, que se referiu ao grupo como "clube dos advogados pela impunidade", rejeitou a proposta, conforme publicado pelo Painel. "Desculpem, mas este é um clube do qual não quero participar. Mas debato com o chefe de vocês, o Lula, a qualquer hora, sobre o mensalão e o petrolão", afirmou o presidenciável.

Após refutar a declaração de que Lula seria seu chefe e insistir que não se trata de discussão ligada às eleições, o Prerrogativas decidiu, então, chamar ex-ocupantes da pasta que foi chefiada pelo ex-juiz entre janeiro de 2019 e abril de 2020, no governo Bolsonaro.

A ideia dos organizadores é promover um debate sobre a Justiça no país sob três pontos de vista: o petista, o tucano e o bolsonarista —do qual, na visão de integrantes do Prerrogativas, Moro é um representante, ainda que busque se descolar do atual mandatário.

Com Covid-19, o presidenciável do Podemos desmarcou compromissos presenciais nesta semana, incluindo uma conversa que teria nesta segunda-feira (17) com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, também cotado para participar da corrida ao Planalto.