SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Paulistanos ainda sofrem com as consequências do temporal que atingiu parte da capital no último sábado (5). No fim de semana, as fortes chuvas deixaram pessoas ilhadas em veículos e causou a queda de mais de cem árvores.

Nesta segunda-feira (7), a reportagem ouviu relatos de pessoas que estão sem luz há quase 48 horas e afirmam que cada vez que entram em contato com a Enel recebem uma nova previsão de retorno de energia.

A empresária Melissa Tamassia, que vive em um prédio no Itaim Bibi, está usando uma cafeteria próxima do seu prédio para realizar reuniões e carregar o celular de suas vizinhas. Além da falta de luz, ela enfrenta falta de água. "Eu ainda tenho saúde e, como têm idosas no meu edifício, estou levando comida para eles", diz Tamassia que perdeu comida que estava no freezer.

Para tomar banho, ela foi até a casa da sua mãe e aproveitou para levar para casa uma garrafa d'água. Sem gerador, ela e o restante dos moradores também precisam subir e descer as escadas.

Na Vila Madalena, a publicitária Thais Nicolau enfrenta uma situação parecida. Como seu prédio tem gerador, em algumas áreas do apartamento funciona luz, porém a energia é intermitente.

"Todos nós já abrimos chamados [na Enel] e nos passam previsões que nunca se concretizam", diz ela, que também perdeu comida e nem fez compras no supermercado para evitar perder mais coisa.

Ela, que vive há um ano e meio no prédio, afirma que nunca tinha passado por um período tão longo sem energia. "Estou tendo que me adaptar e trabalhando no celular. Trabalho em regime de home office, mas, se a situação não melhorar, vou ter que ir ao escritório."

Os moradores do seu prédio ainda tiveram que enfrentar outro problema. Como o gerador faz muito barulho, um vizinho se irritou com a situação e jogou uma garrafa no prédio. Para evitar problemas futuros, o edifício tem desligado o maquinário durante a madrugada.

Procurada, a Enel não respondeu aos questionamentos sobre a falta de luz nestes endereços até a publicação desta reportagem.

Síndica de um prédio localizado na Santo Amaro, Rose Brandão ficou 24 horas sem luz --o retorno aconteceu na tarde do domingo. Ela afirma que moradores retiraram alimentos nas geladeiras para evitar que estraguem.

"Alguns moradores da rua ofereceram suas casas para que as pessoas do meu prédio carregassem celulares e ofertaram espaço na geladeira deles", afirma. "A tempestade em si só prejudicou o que acontece sempre no bairro", lamenta ela. "Todo ano é a mesma coisa."

O Corpo de Bombeiros informou no sábado que a região mais afetada com o temporal foi a zona oeste. No Sumaré, pessoas ilhadas em carros presos na enchente precisaram ser resgatadas. Nenhuma delas, de acordo com a corporação, ficou ferida.

Ao todo, foram registradas 105 quedas de árvores na capital. Uma delas tombou sobre a fiação e interditou a rua João Moura, na Vila Madalena, deixando parte dos moradores sem energia elétrica.

A capital ficou em estado de atenção até as 18h10, quando a cidade só registrava um ponto de interdição por alagamento, na avenida Vitor Manzini, em Santo Amaro (zona sul).