BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A paralisação parcial dos servidores do Banco Central, na tarde desta quinta (10), afetou alguns serviços da autoridade monetária, como o monitoramento de ataques hackers contra chaves Pix, segundo informações do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

Os funcionários da autarquia se mobilizam por reajuste salarial e reestruturação de carreira de analistas e técnicos do BC.

Durante o protesto, o monitoramento de ataques de varredura de chaves Pix foi transferido para uma equipe de contingência e houve indisponibilidade de "plantonistas" responsáveis por agir em caso de investidas.

Embora o sistema seja automatizado, os servidores da autoridade monetária fazem intervenções em caso de problemas. Com uma equipe menos experiente, o risco operacional aumenta, deixando o sistema mais vulnerável a vazamentos de dados.

Além disso, a distribuição de cédulas no Rio de Janeiro foi afetada. Houve também atraso no atendimento ao público com demandas referentes ao Pix, bem como adiamento e cancelamento de dezenas de reuniões internas e com integrantes do sistema financeiro nacional.

Segundo o sindicato, mais de 60% dos funcionários aderiram à mobilização. Atualmente, a autarquia conta com 3.500 servidores na ativa.

A iniciativa faz parte da mobilização nacional do funcionalismo público por recomposição salarial depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) acenou conceder aumento para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários. A verba disponível no Orçamento para elevar a remuneração dos servidores é de R$ 1,7 bilhão.

No dia 21 de fevereiro, Bolsonaro fez um novo gesto à Polícia Rodoviária Federal e um apelo a outros setores do funcionalismo público. "Espero a compreensão das demais categorias, dos servidores no Brasil", disse. Antes disso, o presidente havia dito que o reajuste para policiais poderia ficar para 2023, se não houver entendimento com os demais servidores.

"Esperamos pelo menos o envio urgente de um ofício do presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao governo federal, exigindo um posicionamento concreto do governo sobre o reajuste salarial nos mesmos moldes do que vai ser dado aos policiais federais", afirmou o sindicato, em nota.

Segundo a entidade, a reunião dos representantes dos servidores com o presidente do BC, prevista para depois do Carnaval, entre 7 e 11 de março, foi cancelada "sem motivos".

Os servidores dizem aguardar um posicionamento até a próxima terça (16). Caso não haja resposta, prometem debater a possibilidade de greve imediata por tempo indeterminado.

Já é a quarta paralisação dos funcionários da autoridade monetária desde o início do ano. Nos dias 9 e 24 de fevereiro, os servidores pararam por quatro horas.

Na ocasião, os serviços essenciais do BC também não foram interrompidos, mas algumas atividades sofreram impactos. Foi o caso do monitoramento do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), que foi transferido temporariamente de São Paulo para Brasília.

A primeira mobilização ocorreu em 18 de janeiro, quando 50% dos funcionários cruzaram os braços durante duas horas. Das 10h às 12h, cerca de 200 pessoas fizeram um ato em frente à sede do órgão, em Brasília, enquanto outros participaram de forma remota.

O Banco Central foi procurado, mas a reportagem não obteve resposta até a publicação deste texto.