SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mila Kunis, 38, falou sobre como a guerra na Ucrânia vem afetando-a em nível pessoal. A atriz, que mora desde criança nos Estados Unidos, nasceu na cidade de Chernivtsi, que fica em território ucraniano --embora na época (1983) o país pertencesse à extinta União Soviética.

A atriz disse que o lugar de onde veio nunca tinha feito tanta diferença até agora. "Foi irrelevante para mim eu vir da Ucrânia, isso nunca importou", afirmou em entrevista ao canal da jornalista e ex-primeira dama da Califórnia Maria Shriver, 66. "Tanto que sempre dizia que era russa."

"Sempre dizia 'sou da Rússia' por uma infinidade de razões", explicou. "Uma delas era que, quando eu vim para os Estados Unidos e dizia às pessoas que era da Ucrânia, a primeira pergunta que ouvia era: 'Onde fica a Ucrânia?' E eu tinha que explicar onde ficava no mapa... Mas se eu dissesse: 'Sou da Rússia', as pessoas diziam: 'Ah, conhecemos esse país'."

Agora, com a guerra, ela faz questão de ressaltar que é ucraniana. "Tudo mudou", confessou. "É um sentimento de orgulho, e isso não tira o amor pelo lugar onde moro agora e de tudo o que este país me deu."

É como se suas raízes tivessem aflorado. "Não consigo expressar o que aconteceu comigo, mas de repente eu pensei: 'Meu Deus, eu sinto que uma parte do meu coração foi arrancada'", contou. "Foi uma sensação bem estranha. Isso não tira quem eu sou como pessoa, mas apenas adiciona uma camada totalmente diferente."

Ela chegou a falar com os filhos Wyatt, 7, e Dimitri, 5, ambos do casamento com Ashton Kutcher, 44, sobre o assunto. "Eu me virei para meus filhos e pensei: 'Você é meio ucraniano, meio americano!'", relatou. "E meus filhos ficaram tipo: 'Sim, mãe, eu entendi'. E eu fiquei tipo: 'Não! Você é ucraniano e americano!'."

Kunis também fez questão de frisar que não tem nenhum problema com os cidadãos russos, e que há uma diferença entre a população e seus governantes. "Eu não acho que precisamos considerar o povo da Rússia um inimigo", disse.

"Eu não acho que isso está sendo dito o suficiente na imprensa", avaliou. "Tem uma mentalidade de 'se você não está conosco, você está contra nós'. E eu não quero que as pessoas confundam os dois problemas que estão acontecendo. Eu não acho que [o problema] seja o povo da Rússia... Eu encorajo as pessoas a olharem para isso pensando que [a causa] são as pessoas no poder, não o povo."

Kunis e o marido criaram uma página na plataforma GoFundMe em busca de ajuda humanitária para refugiados ucranianos. A meta deles é arrecadas US$ 30 milhões (R$ 152 milhões) --até o momento eles ultrapassaram a marca de US$ 20 milhões (R$ 101,5 milhões) em uma semana.