BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - O número de novos casos de Covid bateu recorde na Alemanha nesta quarta (17) e levou a primeira-ministra Angela Merkel a chamar a atual onda de infecções de "dramática".

Na semana encerrada no domingo (14), o número de novos casos já havia saltado 50% entre os alemães -- na comparação com os sete dias anteriores--, a terceira maior alta global segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), após os Estados Unidos e a Rússia.

Com as internações hospitalares em alta e a ocupação das UTIs ultrapassando 80% em algumas regiões, o governo alemão vai se reunir com os governadores dos 16 estados para decidir como conter a crise.

Países em que as medidas podem ser tomadas de forma centralizada, como Bélgica, Irlanda, Suécia, Dinamarca, Eslováquia e República Tcheca, anunciaram novas restrições nesta quarta, juntando-se à Estônia e à Holanda, pioneiras na reação ao novo avanço da pandemia.

A Áustria nesta segunda determinou restrições aos não vacinados: eles só podem sair de casa por motivos essenciais, sob pena de pagarem multa de 1.450 euros ( R$ 9.000). Nesta quara, o país bateu recorde no número de infecções.

A tendência de alta no contágio na Europa não é nova, mas está ficando mais preocupante, segundo entidades de saúde. Na semana de 8 a 14 de novembro, o continente completou a quinta semana consecutiva de aumento, impulsionado pela maior circulação de pessoas, pela chegada do frio ---que aumenta a concentração em locais fechados--- e pela dificuldade em elevar a porcentagem de população vacinada.

Na Alemanha, a taxa de vacinação é de 68%, muito longe dos cerca de 90% recomendados para reduzir a circulação do Sars-Cov-2. A porcentagem é de 65% entre os austríacos, 58% entre os tchecos e 44% entre os eslovacos. Na Bélgica, são 75%.

De acordo com a OMS, o número de casos semanais saltou em 8% em relação aos sete dias anteriores. A preocupação cresceu ainda porque agora também o número de mortes está crescendo: foram 5% mais óbitos na semana encerrada no último domingo (14), em relação à anterior.

"Todos os sinais de alarme são vermelhos", disse Alexander De Croo, premiê da Bélgica, que a partir do dia 20 vai reimpor o trabalho remoto quatro dias por semana, o uso obrigatório de máscara a partir dos 10 anos de idade e o distanciamento físico compulsório.

Segundo o ministro da Saúde belga, Frank Vandenbroucke, o país vive "uma explosão de infecções". De acordo com o governo belga, o número de leitos hospitalares ocupados dobrou em 15 dias. "Se não levarmos as medidas a sério, não chegaremos ao fim disso", afirmou Vandenbroucke.

O governo belga também decidiu aplicar a terceira dose de vacina anti-Covid em todos os já imunizados ---até agora, ela era restrita a idosos e vulneráveis.

O vermelho não se acendeu apenas nos alarmes belgas, mas se espalhou por todo o mapa da Europa. Suécia, Dinamarca, Eslováquia e República Tcheca decidiram aumentar as restrições para quem não estiver completamente vacinado.

O governo sueco anunciou que, a partir de 1º de dezembro o certificado de vacinação será pela primeira vez obrigatório para qualquer evento com mais de cem pessoas, e a Dinamarca, uma das primeiras nações europeias a retirar todas as restrições, vai retomar a obrigatoriedade de seu passaporte Covid.

Na Eslováquia, que também bateu recorde de novos casos nesta quarta, o certificado será obrigatório para trabalhar e para frequentar lojas não essenciais, e na República Tcheca, testes não serão mais aceitos para frequentar reuniões ou serviços públicos: será exigida a imunização.

A Irlanda, como a Bélgica, pretende retomar o trabalho de casa sempre que possível e impor um toque de recolher para bares e casas noturnas, à meia-noite.

De acordo com o governo, um novo confinamento amplo só não é necessário porque o país tem uma das mais altas taxas de vacinação completa: 89% dos maiores de 12 anos.

Na França, o governo já fala em uma quinta onda de Covid, a mesma contagem usada pela Suíça. Nesta quarta, mais de 20 mil franceses tiveram resultado positivo para o coronavírus, a marca mais alta desde agosto.

Na Suíça, onde a vacinação estacionou na taxa de 65% da população, autoridades de saúde devem se reunir na quinta para avaliar novas medidas. Um pico de novas infecções já se refletiu em hospitalizações, e as UTIs chegam a cerca de 75% de ocupação.