SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) vai se reunir nesta terça (22) com o ex-presidente Lula para conversar sobre as divergências entre PT e PSB em torno da disputa pelo governo de São Paulo.

A expectativa é a de que a reunião aplaque as discordâncias e indique o caminho para um acordo definitivo entre as siglas.

Os dois partidos discutem a formação de uma federação no plano nacional, em que se uniriam em torno da candidatura de Lula à Presidência da República. Neste caso, o PSB abrigaria o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) para que ele fosse candidato a vice de Lula.

Se o acordo vingar, as legendas serão obrigadas a se unir também em São Paulo, lançando apenas um candidato ao governo do estado, como exige a lei das federações.

França diz ter mais condições de ampliar votos no estado, já que não teria a mesma rejeição do PT.

Mas o PT, com o apoio de Lula, não abre mão de lançar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) para concorrer ao cargo hoje ocupado por João Doria (PSDB).

O partido diz ainda que já cedeu para o PSB em estados onde era competitivo _como Pernambuco, em que retirou a candidatura de Humberto Costa (PT-PE) ao governo para apoiar o socialista Danilo Cabral (PSB-PE).

Caso o impasse não seja superado, cada agremiação seguirá o seu rumo, fazendo campanhas separadas e inviabilizando a federação que sustentaria a candidatura de Lula.

Os petistas afirmam que, quando as conversas começaram, Márcio França teria concordado em concorrer ao Senado, abrindo espaço para Haddad ser o candidato a governador.

Os dois chegaram a conversar em agosto do ano passado, no escritório do publicitário Claudio Simas.

O debate girava em torno da indicação de Alckmin como vice de Lula, e do consequente acordo que precisaria ser feito em São Paulo.

Haddad questionou então se França, com a formação da federação, poderia se unir à candidatura do PT.

O governador disse que o estado estaria "resolvido" .

O entendimento, naquele momento, foi o de que ele concordava em abrir mão da pretensão de ser candidato.

França, no entanto, manteve a pré-candidatura e sustenta que foi mal-entendido no encontro.

Diante do impasse, ele passou a defender a realização de pesquisas eleitorais para decidir qual os dois seria mais competitivo em São Paulo.

As últimas pesquisas mostram Haddad na dianteira —ele tem 28% dos votos, contra 18% de França, num cenário em que Guilherme Boulos (PSOL) tem 11%, Tarcísio de Freitas, o candidato de Jair Bolsonaro, 10%, e Rodrigo Garcia, vice-governador de SP, 5%, segundo sondagem do Instituto Ipespe divulgada na semana passada.

Apesar da dianteira do petista, França tem sustentado que é preciso levar em conta também a rejeição ao PT no estado e o potencial de votos de cada candidato —ou seja, que percentual do eleitorado admite votar no nome, ainda que ele não seja a sua primeira escolha.

O PT, no entanto, não aceita submeter a decisão de lançar Haddad a pesquisas e afirma que a candidatura dele está sacramentada

A expectativa é a de que Lula e França consigam chegar a uma solução que contemple as duas forças envolvidas na disputa.