SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Milhares de manifestantes voltaram a se reunir em protestos contra o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (24), em São Paulo.

O quarto ato convocado por opositores desde maio teve adesão menor do que o anterior, no início do mês, a exemplo do que ocorreu também na manifestação organizada em Brasília.

Em São Paulo, assim como no protesto anterior, também houve confronto entre grupos e policiais neste sábado.

O retorno às ruas, três semanas depois de uma data extra convocada para pegar carona na temperatura das primeiras denúncias de corrupção na compra de vacinas, ocorre em um momento de ceticismo sobre o impeachment.

Durante a semana, Bolsonaro reforçou sua base parlamentar com a nomeação para a Casa Civil de Ciro Nogueira (PP-PI), um dos líderes do centrão. Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem repetido que não vê motivos para dar andamento a pedidos de afastamento já protocolados.

O coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim, que também integra a coordenação nacional das manifestações, diz não ver com preocupação o volume menor do comparecimento neste sábado.

Ele cita o recesso da CPI da Covid, o engavetamento de pedidos de impeachment na Câmara e o avanço da variante delta do novo coronavírus como fatores que podem explicar a menor adesão.

"É notório que teve uma leve queda, mas mesmo assim é muito positivo", diz.

Os manifestantes estimaram em 70 mil pessoas presentes na avenida Paulista. No ato anterior, a estimativa tinha sido de 100 mil.

A organização do protesto afirma que os atos ganharam capilaridade pelo país, com mobilização em mais de 500 cidades.

O ato deste sábado em São Paulo novamente teve predominância de participantes ligados a partidos mais à esquerda.

Durante a semana, partidos como PSDB, PDT e PSB, além de movimentos identificados como o centro, haviam providenciado uma ala do protesto chamada de "Bloco Democrático".

Um grupo da juventude do PT até fixou uma tenda na avenida para angariar filiações ao partido. Também havia venda por camelôs de camisas com o rosto do ex-presidente Lula (PT), pré-candidato à Presidência para a campanha do próximo ano.

Ele novamente não compareceu ao ato, que contou com políticos como Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Orlando Silva (PC do B).

Antes de a passeata começar, durante a tarde, militantes do PSTU se colocaram em frente ao trio elétrico que coordena o deslocamento, impedindo sua passagem.

Os ativistas do partido eram contrários a começar a caminhada mais cedo do que o habitual, para reduzir a possibilidade de depredações por parte de grupos de manifestantes. O impasse durou cerca de dez minutos.

No fim da tarde, a Polícia Militar disparou bombas de efeito moral contra participantes em frente ao cemitério da Consolação, no centro.

Manifestantes encapuzados atiraram pedras contra a Tropa de Choque da polícia, que revidou com bomba de efeito moral. Um grupo quebrou a vidraça de uma agência bancária da região.

"A polícia deve identificar com inteligência quem se infiltra para provocar, e não agir com violência contra milhares de pessoas que protestam pacificamente", afirma Raimundo Bonfim, que classifica o episódio como lamentável.