SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As empresas de eventos acompanham com preocupação os desdobramentos da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que proibiu manifestações favoráveis ou contrárias a qualquer candidato ou partido político no Lollapalooza no último sábado (27).

Para Clinio Bastos, sócio da Camarote Marketing, empresa de eventos de Salvador (BA), sempre houve manifestações políticas em aglomerações, e vetá-las é censura.

"Não tem como controlar. Pode falar com o artista antes, mas quando ele sobe no palco, o show é dele. Vai fazer o quê? Desligar o microfone?", diz.

Apesar da decisão do TSE, ele diz não acreditar em uma onda de vetos neste ano. "Ser contra a manifestação quando ela não lhe interessa não é nem um pouco democrático", afirma Bastos.

Cristiano Botinha, diretor da empresa V3A, avalia que o artista tem direito de expressar a arte da forma que ele entende.

"Ao mesmo tempo que a gente não gostaria que o evento se tornasse plataforma política, a gente também não vê com bons olhos a censura", diz.

Alessandro Possoni, sócio da Guichê Web, entende que os atos devem ser livres, mas teme os possíveis efeitos das manifestações dos artistas em grandes públicos em um momento de polarização política vivida pelo Brasil.

"É como em um jogo de futebol. O país está tão polarizado que, quando você mistura as torcidas, o povo não sabe se comportar. É um ano eleitoral, e o brasileiro começou a ficar mais antenado com a política. É uma coisa para a gente entender como vai ser e ter um cuidado especial", diz Possoni.

Durante o festival, o ministro Raul Araújo, do TSE, classificou como propaganda eleitoral as manifestações políticas das cantoras Pabllo Vittar e Marina no Lollapalooza e determinou multa de R$ 50 mil para a organização do festival para novos casos.

Em sua apresentação, Pablo fez um gesto com os dedos polegar e indicador, formando a letra L, em apoio ao ex-presidente Lula (PT). Depois, desfilou em meio ao público com uma bandeira com o rosto do petista.