ELDORADO E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A mãe do presidente Jair Bolsonaro (PL), Olinda Bolsonaro, morreu nesta sexta-feira (21), aos 94 anos, em Registro, no interior de São Paulo, onde estava internada desde segunda (17).

A causa não foi revelada pela família. Bolsonaro interrompeu viagem oficial ao Suriname e chegou a Eldorado, onde aconteceu o velório, durante a tarde. "Que Deus a acolha em sua infinita bondade", escreveu Bolsonaro, em mensagem publicada nas redes sociais.

A mãe de Bolsonaro fazia parte de uma família de imigrantes italianos, era dona de casa e passou parte da vida na zona rural. Ela e o marido, o dentista prático Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995, tiveram sete filhos. O presidente é o terceiro.

O presidente havia visitado a mãe em agosto, acompanhado dos três filhos mais velhos. Na ocasião, ele disse que ela não o reconhecia mais.

Vestindo uma jaqueta preta, Bolsonaro chegou a Eldorado nesta sexta-feira por volta das 15h, e 20 minutos depois entrou no salão paroquial onde a mãe era velada.

Também participaram do evento de despedida dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan. A primeira-dama Michelle também acompanhou o presidente durante todo o evento.

Durante o velório, foram entoados hinos católicos e houve uma missa. Ao sair do local, emocionado e algumas vezes lacrimejando, o presidente seguiu a pé, de braço dado com Michelle, até o cemitério da cidade.

Durante o trajeto de quase um quilômetro, com uma subida íngreme e sob sol forte, o presidente estava cercado por amigos e seguranças. Ao chegar no local, Bolsonaro carregou a alça do caixão da mãe.

Bolsonaro saiu do local sem falar com a imprensa.

À tarde, a praça da cidade permaneceu lotada de moradores de Eldorado, muitos curiosos e com celulares.

Amigas da família, Vilma Ribeiro, 73, e Jacira dos Reis, 72, foram ao salão paroquial dar adeus a Olinda. Elas contaram que conheciam Bolsonaro desde menino, quando ele e os irmãos nadavam em um rio da cidade.

Segundo elas, o casal Percy Geraldo e Olinda, pais de Bolsonaro, era muito conhecido em Eldorado, uma vez que o pai do presidente era o único dentista da cidade.

Já Olinda era descrita como uma pessoa simples e humilde. Há algum tempo, segundo relatos de pessoas da cidade, ela já não estava bem de saúde.

O presidente morou no município do Vale do Ribeira durante sua infância e adolescência, antes de ingressar na carreira militar.

No ano passado, a mãe de Bolsonaro chegou a ser assunto de live do presidente, na época em que ela tomou a vacina contra o coronavírus.

Rival de Bolsonaro, o governador paulista, João Doria (PSDB), comemorou, dizendo que ela estava salva "com a vacina do Butantan".

Bolsonaro chegou a dizer em uma live que sua mãe recebeu o imunizante de Oxford/Astrazeneca. No vídeo, ele mostrou um papel rasgado que seria a reprodução do cartão de vacina da mãe e disse que a vacinação foi usada para fazer "politicagem".

"O cara [enfermeiro] vacinou minha mãe e foi embora. Duas horas depois o cara volta lá todo apavorado, chama lá a pessoa que acompanha minha mãe, pega o cartão de vacina dela, que é este aqui e rasga. E entrega para minha mãe o cartão escrito embaixo 'Butantan", disse o presidente da República.

Depois do relato de Bolsonaro, a Prefeitura de Eldorado informou que abriria uma sindicância para investigar o caso.

Nesta sexta, o presidente postou um vídeo do último encontro com Olinda, em que conversava com a mãe e falou sobre a infância. Ele também fez outra publicação com fotos dos pais com ele, na infância e depois na vida adulta.

Ainda durante a madrugada desta sexta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) lamentou a morte da avó. "Na memória, momentos doces da minha infância até os mais recentes com ela e sua risada peculiar", disse.

Ministros e ex-ministros do governo Bolsonaro também expressaram solidariedade ao presidente da República, assim como políticos rivais.

"Divergências profundas não podem ser maiores do que o respeito pela dor humana. Meus sentimentos ao presidente da República pela perda da mãe", escreveu o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência pelo Podemos.

"Meus sentimentos à família Bolsonaro pelo falecimento da Dona Olinda. A perda da mãe ou avó é sempre uma dor irreparável. Que ela descanse em paz e Deus conforte familiares e amigos", escreveu João Doria, um dos principais opositores do presidente.

Na esquerda, a manifestação de pesar veio de Ciro Gomes (PDT), rival de Bolsonaro no pleito de 2018, quando terminou em terceiro lugar.

"Meus pêsames a Bolsonaro pela perda de sua mãe. Por maior que sejam as divergências, há momentos que superam esta barreira", disse Ciro em rede social.

O ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas eleitorais sobre a disputa à Presidência da República neste ano, não se manifestou sobre o assunto em suas redes sociais até a noite desta sexta-feira.

O ministro Marcelo Queiroga (Saúde) escreveu que Olinda teve uma vida longa e feliz. "Um exemplo a ser seguido por sua força e coragem".

O ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) disse ter fé que a mãe do presidente está com os eleitos junto de Deus e desejou força ao mandatário. "O amor dos filhos é evidência de vida justa na terra e galardão no céu".

A ministra Damares Alves (Direitos Humanos) também pediu o consolo divino para o presidente da República e sua família e afirmou que Bolsonaro foi um filho extraordinário. "Dona Olinda Bolsonaro, a mãe que ele tanto amou e honrou, foi para o céu. Que Deus console toda família."

Os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Abraham Weintraub (Educação) publicaram notas em solidariedade a Bolsonaro.

O presidente da República recebeu ainda o apoio de aliados, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), e ex-aliados, como a deputada paulista Janaina Paschoal.

"Minha solidariedade ao presidente Jair Bolsonaro, familiares e amigos, que nosso Senhor possa confortar o coração de todos. Agora Dona Olinda esta no céu ao lado do Pai", publicou Zambelli.

"Meus sentimentos ao presidente e família, pela partida da Sra. Olinda Bolsonaro. Que seja bem recebida na pátria espiritual", escreveu Janaina.