Maduro reconhece aproximação com Biden, mas acordo é incerto
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terça-feira, 08 de março de 2022
FABIANO MAISONNAVE
SANTARÉM, PA (FOLHAPRESS) - Em discurso transmitido pela TV, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira (7) estar interessado em se reaproximar dos EUA. A declaração aconteceu logo após a retomada das conversas de alto nível em Caracas, por iniciativa do presidente Joe Biden.
"Tivemos uma reunião, posso classificá-la de respeitosa, cordial, muito diplomática", disse Maduro, durante reunião de gabinete. "Lá estavam as bandeiras dos Estados Unidos e da Venezuela e se viam muito bonitas. As duas bandeiras, unidas, como devem estar".
A iniciativa norte-americana tem como pano de fundo a escalada da guerra na Ucrânia e a explosão do preço do petróleo. Nesta terça-feira (8), os EUA baniram a importação de petróleo, gás e carvão da Rússia.
O impacto da crise mundial já chegou aos postos de combustível norte-americanos. Estados como Califórnia já estão registrando preços recordes de gasolina. Geograficamente próxima, mas há três anos em rompimento diplomático, a Venezuela concentra a maior reserva de petróleo do mundo.
As relações bilaterais estão estremecidas desde a ascensão do presidente Hugo Chávez ao poder, em 1999, e chegou ao seu nível mais baixo sob o governo Donald Trump (2017-2021). O republicano tentou derrubar a ditadura chavista ao reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como presidente legítimo.
Na semana passada, a Casa Branca renovou por um ano uma Ordem Executiva de "emergência nacional" com relação à Venezuela, sob a justificativa de que a perseguição política, a liberdade de imprensa e a deterioração dos direitos humanos continuam em níveis críticos, representando uma "ameaça incomum e extraordinária para a segurança nacional e a política externa dos Estados Unidos".
Nesta segunda-feira, Maduro também anunciou a retomada das negociações com a oposição, no México, sob a mediação da Noruega.
O diálogo estava suspenso desde a captura em Cabo Verde e extradição para os EUA do empresário Alex Saab, operador do regime venezuelano, em novembro. Na segunda, o ditador classificou o processo de "duro golpe".
Por outro lado, Venezuela e Rússia mantêm relações próximas há décadas. Na área militar, por exemplo, Moscou vendeu caças Sukhoi Su-30 e enviou uma frota da Marinha para a realização de exercícios militares no Caribe. Na ONU, o governo Maduro não votou na sessão que condenou a invasão russa à Ucrânia.