SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de passar meses fazendo suspense sobre sua possível candidatura, Luciano Hang anunciou que não vai concorrer nas eleições deste ano.

O empresário fez uma live nas redes sociais nesta quarta-feira (30) para comunicar sua decisão.

"Meu partido é o Brasil. Continuarei lutando para mudar o nosso Brasil, mas não serei político", disse o dono da Havan. Ele afirma que desistiu da candidatura para se dedicar à sua família e aos mais de 20 mil funcionários de suas lojas.

No ano passado, o empresário chegou a publicar uma enquete nas redes sociais perguntando qual nome ele deveria colocar nas urnas caso concorresse ao Senado por Santa Catarina. Além de Veio da Havan, ele também sugeriu Loro José, Capitão Brasil e outros.

"Não vai ser dessa vez. Mas, quem sabe, isso é um até breve?", disse Hang em sua live.

O gesto de Hang nesta quarta (30) relembra o que ele fez nas eleições 2018. Naquele ano, ele preparou um evento em Brusque (SC), onde fica a sede da empresa, para anunciar o que tratava como sua entrada na política. Sem sinalizar o cargo almejado e o partido, ele contava que se desfiliou do MDB, ficando livre para fazer escolhas.

Disse, na época, que participaria ativamente da política, sendo ou não candidato. Ele não se candidatou em 2018, mas nestes quatro anos, se posicionou politicamente ao lado do presidente Bolsonaro.

Naqueles dias circulava na internet a informação de que, após se colocar à disposição da política, Hang teria sido convidado pelo então deputado Jair Bolsonaro para ser vice da candidatura.

​É curioso observar como a trajetória de Hang evoluiu nestes quatro anos. Em 2018, quem comentava as intenções políticas do empresário dizia, com frequência, que ele teria de combater o desconhecimento do público, fruto da preferência que ele tinha pela discrição nos 30 anos de história da empresa.

A notoriedade que ele tinha se referia apenas às réplicas de Estátua da Liberdade que a rede de lojas instala em suas fachadas.

Hang intensificou suas aparições públicas há pouco mais de cinco anos, quando percebeu, com base em uma pesquisa entre os clientes da rede, que sua identidade não estava clara na cabeça do consumidor.

Foi ali que ele resolveu assumir uma campanha publicitária em que contestava comentários recorrentes entre consumidores de que a Havan pertencia ao bispo Edir Macedo, a filhos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff ou a sócios americanos e asiáticos.

Na live desta quarta, o empresário pediu que os eleitores catarinenses não votem em "candidatos tomate", que são vermelhos por dentro e por fora, nem "melancia", que são verdes por fora mas vermelhos por dentro.

"Peço, em nome do presidente [Jair Bolsonaro] e em meu nome, que neste ano a gente acerte nos deputados federais e nos senadores. Que seja realmente um patriota, um verde-amarelo. Vamos votar certo", disse Hang.

Antes da eleição de Bolsonaro, Hang já começou a surfar na tendência polarizante que funciona nas redes sociais. Na tarde da facada contra Bolsonaro, o empresário deu declarações de que o atentado foi cometido pela "esquerda maldita", um mote que ele acabaria usando depois, inclusive no marketing de suas lojas Havan.

Ele visitou Bolsonaro no hospital e viajou a Brasília para a posse. Na época, o dono da Havan ainda usava um terno preto convencional, diferente do figurino verde-amarelo que adotou depois para reforçar a ideia do patriotismo vendida pelo presidente.

Ao longo do mandato, se colocou como um dos empresários do núcleo mais próximo de Bolsonaro, ao lado de nomes como Flavio Rocha (Riachuelo), Sebastião Bomfim (Centauro), Meyer Nigri (Tecnisa) e Salim Mattar (Localiza).

Hang ganhou força nas redes sociais nos últimos anos, com publicações diárias atacando a esquerda, vestindo fantasias e defendendo posicionamentos bolsonaristas. No Instagram, ele soma 4,7 milhões de seguidores.

Em 2020, o empresário teve suas contas no Twitter e no Facebook bloqueadas por ordem do ministro do STF, Alexandre de Morais, dentro do inquérito das fake news, que investigou ameaças e disseminação de notícias falsas contra integrantes do Supremo Tribunal Federal.

O empresário anunciou novas contas nas redes sociais em abril do ano passado e teve de recuperar o número de seguidores.

Quando veio a pandemia, ele usou o espaço conquistado na internet para recomendar o chamado tratamento precoce de eficácia não comprovada contra a Covid. Na mesma linha, atacava as medidas de isolamento social e as restrições ao funcionamento do comércio que atingiram suas lojas. Suas ações lhe renderam uma convocação para a CPI da Covid.

Em seu depoimento no Senado, o empresário se apresentou com desenvoltura, negando ter financiado a disseminação de fake news e condenando o uso político da morte de sua mãe por Covid meses antes. Depois de sua fala na Casa, cresceram as especulações de que Hang concorreria ao Senado neste ano, hipótese que ele agora afasta.