BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (17) estar discutindo o melhor desenho para a criação de um subsídio temporário que ajude a minimizar o impacto do aumento de combustíveis no país e voltou a criticar a política de preços da Petrobras.

Lira falou ao fim da reunião de líderes partidários, realizada na Câmara dos Deputados. O deputado, que discute o auxílio com a Casa Civil, com o Ministério de Minas e Energia e a equipe econômica, afirmou que os cálculos ainda estão sendo realizados.

"É importante o governo estar focado nisso. As duas Casas [Câmara e Senado] estão preocupadas com isso. Todo o Brasil está preocupado com isso, e, por certo, nós vamos encontrar uma solução", disse.

Segundo Lira, o subsídio para combustíveis teria duração determinada. "Vai ter um custo para o governo e que tem que ser claro, transparente, para ser assimilado junto com a população e com quem faz o Brasil andar. Vai ser um custo X durante um período para minimizar os efeitos da guerra no Brasil", ressaltou.

O presidente da Câmara afirmou que o benefício pode ser destinado a categorias, como defende. "Tem gente que acha que isso eleitoralmente não é possível. Há essa versão. E há os que defendem que o subsídio seja para todos os combustíveis", disse.

Ele afirmou que não necessariamente o projeto precisaria ser enviado pelo governo, mas que é importante haver um alinhamento "porque de qualquer maneira a renúncia é do Executivo."

Lira falou ainda sobre o projeto aprovado pelo Senado que cria uma conta de estabilização para amortecer reajustes e estabelece diretrizes para uma nova política nacional de preços. "Quando eu quis dizer de uma maneira tranquila, relaxada ontem [quarta] que não está no radar, é porque uma coisa quando está no radar é quando está na semana de votação aqui na Casa. Então ele está sendo discutido, está sendo apreciado aqui na Casa, ele vai ser votado ou modificado", ressaltou.

Para Lira, o projeto aprovado pelo Senado é "mais conceitual", de longo prazo. "Essas discussões a gente está fazendo e vamos fazer", ressaltou.

O deputado aproveitou para criticar novamente a política de preços da Petrobras. "Nós temos outras situações mais emergentes, como, por exemplo, cobrar da Petrobras por que quando o dólar baixa e o petróleo baixa não baixam os preços dos combustíveis", disse.

"E a cobrança pública à Petrobras eu venho fazendo nas minhas redes sociais e em todas as movimentações", afirmou.

"A Petrobras não pode ficar com sua política de preços, que está em vigência com valores defasados, para não termos desabastecimento, não termos outras consequências, mas é claro que quando baixa o dólar e baixa o petróleo, a gente não recuar no aumento é, sem sombra de dúvidas, uma incapacidade de a Petrobras dar uma resposta rápida ao povo brasileiro."

Ao criticar a Petrobras, Lira se soma ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem cobrado publicamente a estatal que reduza o preço dos combustíveis. Na quarta-feira, Bolsonaro disse que a estatal não atua da forma que ele gostaria.

"Tenho minhas críticas à Petrobras também. Não é aquilo que eu gostaria, não", disse o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Assim como Bolsonaro, ministros da ala política também avaliam que a companhia deveria rever o reajuste, dado o novo cenário do petróleo no mercado internacional.

Militares das mais altas patentes se juntaram para conter as articulações políticas pela retirada do general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras.

Desde o final de semana, o presidente intensificou suas críticas à estatal. Chegou a dizer que ela não tem sensibilidade com a população, após anunciar o mega-aumento no preço dos combustíveis, devido ao conflito na Europa.

Bolsonaro queria que a estatal esperasse a votação do projeto no Congresso que zerava o imposto federal sobre o PIS/Cofins do diesel e do gás de cozinha. O texto foi sancionado na noite de sexta-feira.