SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Líderes mundiais reagiram com ameaças de sanções e respostas ao passo dado pelo presidente russo Vladimir Putin ao reconhecer a independência dos territórios rebeldes de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, nesta segunda-feira (21), e anunciar o envio de tropas para a região.

Os dois territórios, com líderes pró-Rússia, viviam em conflito com o governo ucraniano desde a guerra civil de 2014, que deixou pelo caminho milhares de mortos e, agora, um cessar-fogo já pouco respeitado. Hoje, são o principal foco da disputa entre o Kremlin e o Ocidente.

Além de condenar as ações de Putin, que anunciou a decisão em discurso agressivo televisionado antes de assinar o reconhecimento de independência dos territórios, os líderes prometem mais sanções à Rússia.

"O reconhecimento das chamadas ‘Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk’ como ‘independentes’ requer uma rápida e firme resposta, e nós tomaremos os passos apropriados em coordenação com nossos parceiros", afirmou o secretário de Estado americano Antony Blinken.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, também adiantou que o presidente Joe Biden irá emitir decretos anunciando sanções à Rússia. "Nós antecipamos uma jogada como essa da Rússia e estamos prontos para responder imediatamente. O presidente Biden vai assinar em breve um decreto que proíbe investimentos, comércio e operações financeiras de cidadãos americanos em qualquer sentido com as essas regiões da Ucrânia."

O alemão Olaf Scholz, através de seu porta-voz, afirmou que ele, Biden e o presidente francês Emmanuel Macron "estão de acordo que essa medida unilateral da Rússia constitui uma violação clara" dos Acordos de Minsk, que haviam sido mediados justamente por França e Alemanha para o cessar-fogo na região, em 2014 e 2015.

"Ao reconhecer as regiões separatistas do leste da Ucrânia, a Rússia está violando seus compromissos e minando a soberania ucraniana. Eu condeno esta decisão. Convoquei uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e as sanções europeias", disse Macron, em seu perfil no Twitter.

No último dia 17, Blinken, secretário de Estado americano, denunciou em uma reunião do mesmo conselho a iminência de uma invasão russa. "Nosso objetivo é transmitir a gravidade da situação. A evidência no terreno é que a Rússia está caminhando para uma invasão iminente. Este é um momento crucial", disse ele na ocasião.

O Reino Unido também se manifestou e disse que irá impor sanções aos russos. "Amanhã nós iremos anunciar novas sanções à Rússia em resposta ao rompimento da lei internacional e ao ataque à soberania e integridade territorial da Ucrânia", escreveu a secretária de Relações Exteriores Liz Truss.

Também o secretário-geral da Otan (aliança ocidental militar) criticou a manobra russa. "Eu condeno o reconhecimento russo de Donetsk e Lugansk na Ucrânia. Ele erode os esforços para resolver o conflito e viola os Acordos de Minsk. A Otan apoia a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Instamos Moscou a parar de instigar conflito e escolher diplomacia", afirmou.

Já o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, anunciou que convocou o Conselho de Segurança e Defesa Nacional do país, além de ter conversado com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson e o presidente americano Joe Biden.

Ele também afirmou que prepara urgentemente um comunicado, e deve, depois, falar com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.