SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A indústria da construção elevou o tom das críticas ao pacote de Bolsonaro para tentar aliviar a economia em ano de eleição, que inclui o saque de até R$ 1.000 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

"Troca-se a geração de emprego pelo consumo, visão imediatista que todas experiências anteriores demonstraram não ser a melhor", diz José Carlos Martins, presidente da CBIC (entidade que representa empresas do setor).

"Reconhecemos a necessidade imediata das pessoas, mas FGTS é patrimônio do trabalhador, não complemento de renda. Cada saque é um estímulo ao consumo e uma dilapidação do patrimônio que o trabalhador pode necessitar no futuro", afirma.

O governo Bolsonaro liberou nesta quinta-feira (17) o saque de até R$ 1.000 a cerca de 40 milhões de trabalhadores com saldo nas contas do FGTS.

A iniciativa faz parte do amplo pacote de medidas para liberar mais de R$ 150 bilhões em recursos no momento de inflação alta e endividamento da população.

A liberação do FGTS é uma pedra no sapato da construção, porque compromete o uso do fundo para o financiamento imobiliário.

Em 2019, o governo Bolsonaro chegou a adiar o anúncio de sua primeira rodada de saques dos recursos após sofrer pressão do setor, que reclamou que a medida prejudicaria a compra de imóveis e a situação financeira das empresas do ramo.