SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio a foliões que prezaram o básico ao escolher a roupa e muito glitter para curtir a largada do Carnaval em São Paulo, restrito a eventos fechados, se destacaram os poucos que apostaram em adereços, como saias de tutu, tiaras de anjo, ombreiras de lantejoulas e plumas.

Entre aqueles que elaboraram adereços, estava um grupo de oito amigos de Porto Alegre que veio passar o feriado em terras paulistanas e todos usavam um chapéu de cowboy cor-de-rosa.

Na fila para entrar no Bloco da Pocah, o grupo explica que o chapéu, na verdade, foi uma estratégia para ninguém se perder depois da noite regada a drinques.

A festa aconteceu na noite desta sexta-feira (25), na Áudio, casa de shows localizada na Água Branca, zona oeste da capital. A presença principal foi, claro, da cantor e ex-BBB Pocah, que agitou a noite com hits como "Não Sou Obrigada", "Quer Mais?" e "Resenha Lá Em Casa".

Durante o show, Pocah falou sobre a importância da vacina contra a Covid-19. "Todo mundo tá vacinado, por isso que estamos aqui. Viva a vacina, viva o SUS."

A festa foi marcada por foliões beijoqueiros e animados, que aplaudiam e apostavam em coreografias prontas para algumas das músicas entoadas pela cantora.

Antes de Pocah subir ao palco, a festa foi animada com nomes como a cantora e também ex-BBB Karol Conka e o DJ Felipe Mar, com um setlist recheado de funk.

No segundo Carnaval marcado pela pandemia Covid-19, as restrições sanitárias nas grandes cidades proibiram blocos de rua, restringindo a folia aos clubes fechados.

A decisão não agradou os foliões. Enquanto esperava na fila para entrar no evento, o advogado Vinicius Luz classificou a decisão como "hipócrita". "Seria até mais seguro uma festa a céu aberto", diz ele, que avalia que neste formato a folia fica restrita a quem pode pagar.

No cardápio de eventos que acontecem nos próximos dias, o Bloco da Pocah, que teve ingressos a partir de R$ 90, não foi o mais caro, já que há eventos nos próximos dias custam até R$ 700 em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte.

Apesar de liberadas as festas em lugares fechados, as regras devem ser cumpridas pelos estabelecimentos, que, na verdade, são as mesmas vistas nos últimos meses: obrigatoriedade de duas doses da vacina, 70% da capacidade dos espaços e uso de máscara fora dos momentos de consumo de bebidas ou alimentos.

A reportagem acompanhou dois deles nesta sexta. Além do Bloco da Pocah, também esteve no Irregular, onde aconteceu a Queermesse, na Barra Funda, também zona oeste de São Paulo, onde se apresentaram DJs de blocos LGBTQIA+, como Minhoqueens, Meu Santo É Pop e Domingo Ela Não Vai.

Em ambos foi exigido o comprovante da vacina da Covid-19. O uso máscara é solicitado na entrada, porém o uso dentro dos estabelecimentos é ignorado pela maioria.

O Bloco da Pocah, onde a reportagem permaneceu a maior parte da noite, quase nenhum folião na pista usava o equipamento de proteção. Procurado, o evento não respondeu até a publicação desta reportagem.

Já no Queermesse, festa em que a reportagem acompanhou o inicio, havia um esforço maior para garantir o uso da máscara entre os festeiros.

Em frente ao clube Irregular, onde aconteceu a Queermesse, um grupo de quatro amigos esperava para entrar. Um dos poucos que apostaram em maquiagem colorida e glitter no rosto, eles contaram que ficaram quase dois anos sem se ver, em decorrência da Covid-19 e classificou o retorno do Carnaval como algo "maravilhoso", mas também "esquisito" por ser restrito a eventos fechados

"O Carnaval está na alma do brasileiro", diz Rafael Silva, que trabalha na área de marketing e define o sentimento como o de "se sentir vivo de novo".