PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - A Justiça concedeu liberdade provisória, com aplicação de medidas cautelares, ao cirurgião plástico Klaus Brodbeck, que estava preso desde julho e que é acusado de ter abusado de dezenas de mulheres.

O cirurgião foi liberado na manhã de terça-feira (26) do Complexo Penitenciário de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

Na decisão, a juíza Rosália Huyer, da 2ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, ressalta que a prisão do cirurgião ocorreu quando o caso se encontrava ainda em fase de inquérito policial.

Na decisão, ela aponta que Brodbeck é alvo de um processo no Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) e está temporariamente proibido de exercer a medicina.

"Autoria e materialidade indiciárias se fazem presentes, mas nenhum dos outros motivos que ensejavam o acusado a responder este processo em prisão cautelar vigoram neste momento processual. Como já analisado acima, o acusado está impedido de trabalhar --e é no trabalho que o mesmo a princípio cometia o(s) delito(s), -- portanto não gera perigo sua liberdade e não coloca em risco a ordem pública, pois a reiteração criminosa está obstada pelo não exercício da medicina", afirma ela.

Entre as medidas cautelares, a decisão proíbe que Brodbeck tenha contato com quaisquer vítimas ou testemunhas do processo. Ele também deve permanecer em no período noturno e nos fins de semana e feriados.

Por meio de nota, o advogado Diego da Silveira Cabral, que representa o médico, diz que a defesa buscou colaborar com as investigações através de depoimentos, esclarecimentos e documentos, e que agora conseguiu comprovar à Justiça que ele "não trará juridicamente qualquer prejuízo às garantias da ordem pública, sociedade, supostas vítimas e testemunhas".

"A concessão do direito em responder o processo em liberdade, advém da confiança demonstrada ao juízo, de que o meu cliente respeitará todas as determinações, imposições e restrições impostas na decisão da nobre magistrada", segue o texto.

O advogado diz ainda que o médico está debilitado devido a enfermidades crônicas, entre elas, diabetes e hipertensão, e que deve iniciar uma série de exames para tratamento.

No início de setembro, o Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou Brodbeck por crimes que teriam ocorrido entre 2005 e 2021 contra 18 mulheres. A denúncia foi acolhida na íntegra pela mesma juíza, tornando o médico réu no processo.

A Promotoria aponta que ele teria cometido ao menos 34 vezes crimes de estupro, violação sexual mediante fraude, importunação sexual, assédio sexual e atentado violento ao pudor (este último, ainda vigente à época dos fatos).

No total, foram 10 inquéritos policiais, com 140 depoimentos de testemunhas e vítimas. Uma parte dos crimes já estavam prescritos.

"Muitas vezes ele passava a mão nas partes íntimas. Em outras, o ato ficava explícito, como quando, por exemplo, ele propunha sexo como forma de pagamento e, muitas vezes, estuprava diante da negativa", afirmou à época a promotora responsável, Claudia Regina Lenz Rosa.