SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O ator José de Abreu, de 75 anos, não tem medo de se posicionar politicamente e, pelo contrário, faz uso de forma recorrente de seu perfil nas redes sociais para externar suas opiniões, agora, inclusive, em relação à guerra travada entre a Rússia e a Ucrânia.

Por meio de sua conta no Twitter, o artista já demonstrou não estar necessariamente alinhado a nenhum dos lados no conflito: seja no da Ucrânia, liderada pelo presidente Zolodymy Zelensky, ou no da Rússia, guiada pelo mandatário Vladimir Putin.

Em recente publicação, José de Abreu destacou que ser uma pessoa alinhada ideologicamente à esquerda não o coloca "automaticamente ao lado" de Vladimir Putin, muito menos na mesma trincheira em que estão os Estados Unidos e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), adversários diretos de Moscou na guerra em andamento, e ferrenhos apoiadores do governo ucraniano.

"Ser de esquerda não me coloca automaticamente ao lado de Putin. Nem ao lado dos EUA ou [da] Otan. Tirem os antolhos", escreveu o artista.

Em uma de suas várias publicações sobre a guerra, José de Abreu questionou por que Vladimir Putin "ainda não fechou as torneiras do gás" que comercializa para a Europa, o que seria uma resposta imediata às sanções sem precedentes que têm sido impostas à Rússia.

Nos comentários, uma seguidora pontuou que o ator estaria "contra os vermelhinhos", ou seja, contra Putin, e este seria comunista. Como resposta, o famoso se mostrou cético quanto a possibilidade de o presidente russo ser alinhado ao comunismo. "Vermelhinho? Putin?(risos)".

Por fim, José de Abreu reagiu de forma contrária às punições que têm sido impostas à cultura russa e aos seus representantes, e questionou se "Hollywood vai censura os atores que usam o Método de Stanislavsky, que foi levado aos EUA por Lee Strasberg no Actor's Studio? Marlon Brando, James Dean, centenas deles usaram e usam o 'método russo'!", apontou.

RÚSSIA É BOICOTADA NO SETOR CULTURAL

Desde que invadiu a Ucrânia na semana passada, a Rússia tem sido alvo de diversas sanções por parte da comunidade internacional, que vão desde a área econômica, passando pela tecnológica, até a cultural.

Recentemente, as organizações responsáveis pelo Festival de Cannes e pela Bienal de Veneza anunciaram punições às delegações oficiais russas.

A Netflix, maior plataforma de streaming do mundo, anunciou a paralisação de produções originais russas, além de ter contrariado uma decisão de Vladimir Putin para que exiba 20 canais estatais em seu catálogo.

Os estúdios Disney, Warner Bros. e Sony cancelaram, por tempo indeterminado, a estreia de seus filmes nos cinemas daquele país.

Desde a deflagração da guerra, centenas de pessoas foram mortas em ambos os lados do conflito, que já fez mais de um milhão de refugiados, além de estragos na arquitetura e infraestrutura da Ucrânia.