SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Jane Campion, indicada ao Oscar de melhor direção por "Ataque dos Cães", reagiu neste sábado (12) às críticas ao filme feitas pelo ator veterano Sam Elliott numa entrevista recente ao podcast WTF, apresentado por Marc Maron.

Elliott, conhecido pelo bigode característico, chamou o longa de "uma porcaria" e reclamou de sua temática LGBTQIA+ --a trama mostra um fazendeiro machão nos Estados Unidos de 1925 que descobrimos ser um homossexual reprimido. "Mas o que essa mulher de lá da Nova Zelândia sabe sobre o oeste americano?", disse o ator sobre Campion.

Ao ser questionada sobre o assunto por um repórter da revista Variety no tapete vermelho da premiação do sindicato dos diretores dos Estados Unidos, o DGA --cujo prêmio principal ela ganhou, aliás--, Campion afirmou que Elliott foi "um pouco machista" em suas declarações.

"O Oeste é um espaço mítico, e há espaço para todos trabalharem com ele", disse. "Eu me considero uma criadora. Acho que ele pensa em mim como uma mulher ou como algo menor antes de qualquer coisa, e não aprecio isso."

As falas do ator já tinham sido rebatidas também pelo intérprete do protagonista, Benedict Cumberbatch. "Além desse tipo de negação, de que alguém poderia ter outra existência que não heteronormativa por causa do que faz para viver ou onde nasceu, há também uma intolerância maciça no mundo em geral em relação à homossexualidade e a uma aceitação do outro e de qualquer tipo de diferença", afirmou Cumberbatch, em entrevista a um programa do Bafta, espécie de Oscar do cinema britânico.

Cumberbatch ainda afirmou que obras como as de Campion ajudam pais a educarem seus filhos quando o tema é sexualidade. "Quanto mais olhamos sob o capô da masculinidade tóxica e tentamos descobrir suas causas, maiores as chances de lidar com isso quando surge com nossos filhos."