SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) diz que mantém sua pré-candidatura ao Senado mesmo diante da afirmação do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que pode apoiar a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) na disputa pela vaga de São Paulo nas eleições de outubro.

"Sigo pré-candidata. Quem vier vai ter que concorrer comigo", afirmou Janaina à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira (20).

Bolsonaro ventilou a possibilidade nesta quarta-feira (19), em entrevista à TV Jovem Pan, e revelou que discutiu a ideia com o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), pré-candidato ao governo paulista apoiado pelo Planalto.

"Eu posso adiantar uma possível senadora para São Paulo: ministra Damares. Deixo bem claro que é possível candidata ao Senado, não está batido o martelo. O convite foi feito", afirmou o mandatário durante entrevista para a TV Jovem Pan.

Janaina se movimenta para concorrer à vaga, mas não tem ainda uma legenda para abrigá-la. Ela já decidiu que sairá do PSL após a união da sigla com o DEM, dando origem ao partido União Brasil, e negocia seu ingresso no PRTB.

A deputada e advogada, célebre pela atuação no impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), diz que mantém os diálogos com o partido do vice-presidente Hamilton Mourão, mas precisa esperar a oficialização da União Brasil para ter o direito de deixar o PSL sem perder o mandato.

Reportagem da Folha de S.Paulo no início do mês mostrou que a proposta de ter Janaina na chapa com Tarcísio vinha sendo bem avaliada tanto pelo pré-candidato a governador —que conversou recentemente com a deputada estadual— quanto por líderes do centrão próximos de Bolsonaro.

A parlamentar refuta o rótulo de bolsonarista e prefere se declarar independente em relação ao governo. Ela se alinha a pautas como a desconfiança das vacinas contra a Covid-19 e a bandeira da liberdade individual, mas já criticou o presidente e apoiadores por intolerância ao contraditório, por exemplo.

Na manhã desta quinta, após a fala de Bolsonaro cogitando lançar Damares em São Paulo, Janaina escreveu em uma rede social: "Com a habilidade que Bolsonaro tem para re(unir) a direita, em 23, teremos um Senado vermelho, para dar sustentação a Lula".

Ela tem se queixado das disputas de poder dentro do campo conservador e alertado para o risco de fiasco do segmento nas urnas. Antipetista, diz que os ruídos podem facilitar a eleição de Lula (PT) para a Presidência e de uma ampla bancada de sustentação ao eventual governo dele a partir de 2023.

Damares, que tem domicílio eleitoral em São Carlos (SP), mas não possui base eleitoral sólida no estado, replicou no perfil de uma rede social mensagens em tom simpático à proposta de Bolsonaro, mas não deixou claro se topará a empreitada.

"A minha vida é dirigida por Deus. Mas eu confesso que amo o Amapá. Eu amo meus indiozinhos do Amapá!", escreveu em uma das postagens, sinalizando interesse de disputar um cargo pelo estado do Norte.

Na entrevista desta quarta, Bolsonaro disse que já conversou com a ministra, mas "ela ainda não se decidiu", e que "Tarcísio gostou" da possibilidade de ter Damares como integrante da chapa.