SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Entrou em vigor nesta sexta-feira (15) a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 para trabalhadores na Itália, em meio a protestos de cidadãos contrários à medida.

A medida, uma das ações anti-Covid mais duras do mundo, havia sido aprovada pelo governo do primeiro-ministro Mario Draghi em setembro e passou a valer agora. Trabalhadores que não apresentarem o comprovante de vacinação terão que mostrar um teste negativo para Covid feito em até 48 horas.

Quem não tiver o chamado Passe Verde, nome do passaporte sanitário no país, será suspenso do emprego, sem direito a pagamento. Se tentar burlar a regra e trabalhar sem o comprovante, pode ser multado em até 1.500 euros (R$ 9.500).

Em protesto, barricadas foram montadas na entrada de dois dos mais importantes portos do país, em Trieste e Gênova.

Trieste registrou os maiores protestos, com cerca de 6.000 manifestantes tentando bloquear as operações do porto. "O Passe Verde é ruim, é uma discriminação permitida pela lei. Nada mais. Não é uma regulação de saúde, é um movimento político para criar divisão entre as pessoas", disse Fabio Bocin, 59, que trabalha no local.

Cerca de 40% dos trabalhadores do porto não estão vacinados, segundo o sindicato local. O partido local anti-vacina conquistou 4,5% dos votos na eleição para prefeito que aconteceu neste mês.

A rejeição à vacina por lá é bem maior do que no restante da população italiana, onde 80% dos maiores de 12 anos já estão totalmente imunizados.

Ao todo, cerca de 15% dos trabalhadores do setor privado do país e 8% do setor público não têm o Passe Verde, segundo documentos do governo obtidos pela Reuters.

Apesar do protesto em Trieste, o governador Massimiliano Fedriga afirmou que o porto funcionou nesta sexta. "Obviamente com algumas dificuldades e menos pessoas trabalhando, mas está funcionando", disse. O mesmo aconteceu em Nápoles e nos portos do mar Adriático, que banha a parte leste do país.

Em Gênova, outro porto importante do país, o protesto foi bem menor, com cerca de 100 manifestantes bloqueando o acesso de caminhões. Protestos menores também foram registrados na capital, Roma, além de Turim e Bolonha.

O transporte por estradas também foi prejudicado, já que 30% dos 900 mil motoristas e trabalhadores de armazens não não estão vacinados, segundo uma organização de empresas do setor.

Com a obrigatoriedade já em vigor, pequenas filas de vendedores foram vistas em grandes centros comerciais, como a loja de departamentos Rinascente, em Roma, enquanto seguranças checavam a validade dos certificados de saúde dos empregados. "Acho que é uma medida justa", disse Fabio Bonnanno, morador de Roma. "Não vejo qual o problema".

Na capital, manifestantes se concentraram em um protesto pacífico na grande avenida que leva ao Circo Máximo. "É absurdo e inconstitucional, contra todo o regramento da Europa", disse o dono de uma farmácia.

A maioria dos italianos, porém, apoia o Passe Verde obrigatório, segundo pesquisas de opinião. Mesmo assim, Roma registrou protestos violentos no último sábado (9), quando manifestantes invadiram escritórios do maior sindicato do país.