RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A italiana Enel manteve em 5 bilhões de euros (R$ 31 bilhões, pela cotação atual) sua previsão de investimentos no Brasil pelos próximos três anos. Para a companhia, o pior da crise hídrica do país já passou e a solução para evitar novos problemas é a expansão das fontes solar e eólica.

Em seu plano estratégico de longo prazo anunciado nesta quarta-feira (24), a Enel antecipou em dez anos, para 2040, a meta de zerar as emissões líquidas de carbono e anunciou a saída dos segmentos de carvão até 2027 e de gás natural até 2040.

A meta da companhia é triplicar a capacidade de geração de energias renováveis até 2030, atingindo 154 GW, quase o equivalente à capacidade de geração atual no Brasil, de 172 GW, número que inclui todas as fontes energéticas.

A previsão de investimentos no Brasil é equivalente à anunciada no plano anterior e tem foco em energias renováveis, área prioritária no novo plano de investimentos da companhia, que prevê 45 bilhões de euros (R$ 282 bilhões) até 2024 em todo o mundo.

Em entrevista para detalhar os investimentos, porém, o presidente da companhia, Francisco Starace, disse que os números são indicativos e não uma garantia de aportes, que dependerão da atratividade dos projetos e de questões regulatórias.

A Enel é a maior operadora no segmento de distribuição de eletricidade no Brasil, com 18 milhões de clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Ceará. Por meio da subsidiária Enel Green Power, tem participação em usinas hidrelétricas e parques solares e eólicos, com 4,3 GW (gigawatts) instalados.

Nesta quinta (25), a companhia inaugura um novo parque eólico na Bahia, Morro do Chapéu 2, com capacidade instalada de 353 MW (megawatts). É a quarta usina renovável inaugurada pela empresa no Brasil este ano.

Com os novos projetos, o volume de energia renovável gerado pela Enel no Brasil cresceu 90% em relação ao mesmo período de 2020. Essas fontes, disse Starace, ajudarão o país a evitar novos riscos de racionamento, como o vivido em 2021.

"Obviamente, quanto mais eólicas e solares colocamos no mix [de geração de energia brasileiro], mais livramos o Brasil dessa grande dependência de hidrelétricas", afirmou o executivo, que disse não esperar novos impactos da crise energética sobre suas operações no país.

Do total de 210 bilhões de euros (R$ 1,3 trilhão, pela cotação de hoje) previstos pela companhia até 2030, 170 bilhões serão aportados diretamente e 40 bilhões por meio de empresas em que a Enel tem participação.

O volume de investimentos próprios é 6% superior ao plano anunciado em 2020. "Continuaremos a crescer em renováveis, ampliando o que já é hoje a maior base privada de ativos renováveis do planeta", disse Starace.

O plano atual cria uma nova unidade de serviços aos clientes, para aproveitar oportunidades geradas pela crescente eletrificação da economia e foco em segmentos como mobilidade elétrica. A meta da companhia é ampliar em 30% as vendas de eletricidade até 2030.

Além da popularização dos carros elétricos, a Enel vê migração dos consumidores de gás natural para a eletricidade nos próximos anos, com a popularização das baterias. "Em duas décadas, poucos europeus estarão usando gás. Muitos vão migrar para eletricidade", comentou o executivo.