Israel aprova Orçamentos, evita 5ª eleição em 3 anos e dá força a premiê
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quinta-feira, 04 de novembro de 2021
PATRICIA PAMPLONA
FLORIANÓPOLIS, SC (FOLHAPRESS) - Três anos e meio, quatro eleições e uma maratona de votações depois, Israel conseguiu ter os Orçamentos de 2021 e 2022 aprovados dentro do prazo no Parlamento, evitando assim uma nova crise no país que poderia levar ao quinto pleito em três anos.
A maratona para aprovar as contas começou ainda na tarde desta quarta-feira (3), no horário local. A série de votações avançou noite adentro, e o Orçamento de 2021, de US$ 194 bilhões, foi aprovado às 5h desta quinta (4), meia-noite em Brasília, com 61 votos a favor e 59 contra.
Na sequência, uma uma série de reformas em um plano econômico correspondente --como a remoção de barreiras à importação e simplificação da regulamentação governamental--, que havia sido incentivado pelo Banco de Israel como um benefício para empresas afetadas por políticas estaduais, passou no Knesset, como é chamado o Parlamento do país, por 61 a 57.
O premiê eleito em junho deste ano, Naftali Bennett, comemorou no Twitter. "É um dia para celebração para o Estado de Israel", escreveu. "Após anos de caos, estabelecemos um governo, superamos a variante delta [da Covid-19] e agora, graças a Deus, aprovamos um Orçamento para Israel."
A essa altura, porém, ainda faltava a chancela para o Orçamento de 2022, cujo prazo ia até março do próximo ano. "Ainda temos uma longa jornada pela frente", prenunciou no Twitter o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, que lidera o partido centrista Yesh Atid.
Os parlamentares talvez não esperassem que essa jornada seria tão longa.
Tudo parecia acertado para aprovar as contas para 2022, antes mesmo do previsto, mas a votação final precisou ser adiada após uma integrante da coalizão, erroneamente, votar contra uma das centenas de cláusulas do pacote, já tarde da noite nesta quinta.
A trabalhista Emillie Moatti apertou o botão errado no momento da votação para aprovar fundos para construir salas de aula, o que levou a um empate de 59 a 59, significando a derrota da medida, segundo o Times of Israel.
Segundo a parlamentar, a falha ocorreu devido à longa jornada da noite anterior e ao fato de ter dormido apenas duas horas. Para se desculpar, ela distribuiu flores a membros da coalizão.
Seu erro, aliás, não foi o único. O ex-premiê Netanyahu, hoje líder da oposição, acabou votando com a coalizão por engano diversas vezes, mas aproveitou o momento para alfinetar o atual primeiro-ministro no Twitter. "Qualquer um pode se equivocar ao votar, basta perguntar aos eleitores de Bennett!"
O voto de Moatti, no entanto, forçou uma nova votação do plano de 2022 no Comitê de Finanças antes que retornasse para apreciação do plenário. Apesar de ser apenas uma etapa técnica, a sessão teve sua cota de confusão, de acordo com o Times of Israel.
O presidente da comissão, Alex Kushnir (Israel Nossa Casa), expulsou a opositora Orly Levy-Abekasis (Likud). Enquanto funcionários do Knesset tentavam retirá-la do local, a parlamentar repreendeu uma delas, apontando o dedo. "Tire suas mãos de mim", falou para a funcionária. "Você é impertinente. Não me toque."
Após o episódio, a sessão foi retomada e já na madrugada desta sexta (5) o Orçamento no valor de US$ 183 bilhões foi aprovado no comitê, para mais tarde, por volta das 3h, ser chancelado no plenário por 59 votos a favor e 56 contra.
Para o premiê Bennett, assim que as contas fossem aprovadas, Israel entraria em uma "era diferente". "O governo é estável, e sabemos exatamente para onde levar o país." Até conseguir aprovar os Orçamentos, Israel vivia com uma versão do plano de 2019, o que economistas apontavam como algo que atrapalhava o crescimento.
Sua eleição em junho encerrou uma estagnação política iniciada em dezembro de 2018, com quatro pleitos antecipados no período, durante o qual nenhum Orçamento foi aprovado. Com uma coalizão que uniu oito partidos, da esquerda radical à direita nacionalista, a chegada de Bennett ao poder colocou fim a 12 anos de Netanyahu no poder. A aprovação do Orçamento, por sua vez, dá força ao premiê israelense.