RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A disparada da inflação não assombra apenas o bolso dos consumidores no Brasil. Durante a pandemia, a escalada dos preços tomou forma em países diversos.

O que chama atenção no caso brasileiro é o fato de a pressão inflacionária ter alcançado a faixa de dois dígitos no acumulado de 12 meses.

Até outubro, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), subiu 10,67% no acumulado. É a maior alta em 12 meses desde o período encerrado em janeiro de 2016 (10,71%).

Entre as nações que compõem o G20, apenas a Argentina, com inflação na casa de 50%, e a Turquia, com quase 20%, registraram avanços superiores, indicam dados da agência Bloomberg, reunidos pelo economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Nos Estados Unidos, maior economia do mundo, a taxa em 12 meses chegou a 6,2%. É a maior desde novembro de 1990.

Ao desalinhar cadeias produtivas globais, a pandemia provocou escassez de insumos no mercado internacional. Com a falta de matérias-primas e a reabertura da economia, os preços ficaram mais caros em diferentes regiões.

No Brasil, essa pressão de custos tem sido intensificada pela desvalorização do real ante o dólar, explica Perfeito. Ao longo da pandemia, a moeda americana ganhou força no país em um contexto de turbulências políticas e incertezas fiscais.

A inflação mais forte, diz Perfeito, joga contra o crescimento da economia brasileira. A Necton, por exemplo, projeta um pequeno avanço de 0,3% no PIB do próximo ano, mas já há instituições financeiras prevendo recessão. Ou seja, queda do PIB em 2022.

"Estamos vendo um processo de inflação e alta dos juros. Tudo isso se traduz em uma economia mais fraca", relata Perfeito.