SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O clima não poderia estar mais propício para marcar a data de inauguração do tão esperado Parque Augusta, na manhã deste sábado (6) ensolarado com cara de verão. Mas nem tudo são flores numa cidade tão carente de áreas de respiro.

Representes de sindicatos dos funcionários públicos municipais acabaram ofuscando a festa que, marcada para começar às 9h, atrasou 40 minutos. Aos gritos de "abaixo ao sapatênis" e de "mentiroso", um grupo com cerca de 50 manifestantes provocou tumulto, aglomeração e muita gritaria.

A professora Silvana Zuculin, 53, era uma das manifestantes que, de cartaz erguido para o alto, protestava contra o PLO (Projeto de Emenda à Lei Orgânica) 07/2021 --conhecido como Sampaprev 2--, o projeto de reforma da previdência do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Ao menos 20 manifestantes subiram ao palco logo depois da fala do prefeito, que ressaltou o respeito à democracia enquanto era vaiado. Houve bate-boca com integrantes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e com seguranças do evento.

Outro ponto controverso, que também gerou ruído na festa de inauguração, foi a escolha do nome oficial: Parque Municipal Augusta Prefeito Bruno Covas. Ele foi o primeiro prefeito de São Paulo a morrer durante mandato, em maio deste ano, vítima de câncer no sistema digestivo.

Ana Banin, escolhida como representante do Conselho do Parque Augusta para discursar no evento, rechaçou o nome oficial.

Disse ela: "Como espaço popular e democrático, é um lugar no qual não devem se sobrepor quaisquer referências a grupos políticos, sociais, ideológicos ou religiosos -se assim fosse, não seria popular. É por isso que nós conselheiros recebemos e endossamos diversas manifestações populares para que o Parque Augusta siga sendo chamado somente de Parque Augusta, pois como tal ele nasceu e para todos nós ele é e continuará sendo sempre Parque Augusta".

Integrantes da juventude do PSDB gritaram em apoio ao nome do prefeito Bruno Covas, o qual chamaram de "o maior prefeito do Brasil".

Carregando uma escultura de um búfalo, Wesley Silvestre, 34, tentava se aproximar do "cercadinho" da imprensa, que já exibia aglomeração antes mesmo dos microfones oficiais serem ligados.

Silvestre faz parte do movimento em defesa da criação do Parque dos Búfalos, uma área de 550 mil metros quadrados, às margens da represa Bilings, no extremo sul paulistano, que tem orçamento reservado, mas seu processo de transformação oficial em parque se encontra parado desde 2017, segundo ele.

"Falta vontade política. Ainda mais na periferia."

Depois de indas e vindas, num drama que se arrastou por pelo menos oito anos, o parque, dono de uma área com cerca de 24 mil metros quadrados, foi oficialmente liberado ao público às 10h30.

O espaço reúne arquibancada, cachorródromo, bosque e ruínas arqueológicas. Ocupa parte do quarteirão entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, na região central de São Paulo. Vai funcionar todos os dias das 5h às 21h.

Para conter os ânimos exautados e pôr fim às manifestações e aos pronunciamentos políticos, os alto-falantes passaram a tocar aquela velha canção do Premeditando o Breque, o Premê, que diz assim: "É sempre lindo andar na cidade de São Paulo. O clima engana, a vida é grana em São Paulo".

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