Hospital Guarapiranga, na zona sul de SP, relata falta de medicamentos sedativos
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sexta-feira, 07 de maio de 2021
GABRIELA BONIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hospital Municipal Guarapiranga, na zona sul de São Paulo, está lidando com a falta de medicação sedativa para administrar aos pacientes. A reportagem do Agora teve acesso à fala de um médico do hospital, que afirma não ter todos os medicamentos de sedação disponíveis para uso na unidade de saúde.
Um dos pacientes com Covid-19 intubados no hospital, o autônomo Wellington Soares, 39, está recebendo medicamentos de sedação mais fracos do que o necessário para seu tratamento.
No boletim médico por telefone, a família foi informada que o estado de saúde de Wellington era estável após ter ficado agitado por conta da sedação. Nas palavras do médico, "o hospital está com problemas com medicações sedativas".
"Não tá tendo alguns [sedativos]. Não tá com todos disponíveis", disse o médico à irmã de Wellington, Tatiane Soares, 36.
Sedativos são medicamentos que diminuem a atividade cerebral. No contexto da Covid-19, a droga é essencial para que o paciente esteja inconsciente durante o procedimento de intubação.
Wellington tem bronquite asmática e deu entrada no hospital no dia 25 de abril com queda na saturação e falta de ar. Na quinta-feira (29), foi intubado depois de não ter tido melhora com tratamentos não invasivos e estar com os pulmões comprometidos.
Tatiane diz ser difícil se comunicar com o hospital, além dos boletins médicos. "Eu não sei o que está acontecendo de fato no hospital, mas eu gostaria de entender. Porém, a informação que ele [o médico] me passou ontem era a de que meu irmão estava com pouco sedativo, justamente pelo fato de que o hospital estava com problemas", relata.
"Minha preocupação não é só com o meu irmão, mas com todo paciente que está lá", complementa Tatiane.
O Hospital Municipal Guarapiranga foi entregue em junho de 2020 pela Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), para atendimento exclusivo de pacientes com Covid-19.
OUTRO LADO
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde afirma que nesta fase da pandemia não há falta de medicamentos para intubação. O estoque é considerado regular na rede municipal. A pasta diz que tem realizado a compra desses medicamentos para que não falte tratamento adequado aos pacientes, mesmo com as incertezas do mercado e dificuldade por parte das empresas em atender à demanda nacional.
Os estoques dos medicamentos são verificados rotineiramente. Caso seja necessário, é possível o remanejamento entre as Unidades de Saúde. A pasta dispõe de um estoque médio de 31 dias de medicamentos para intubação.
O abastecimento ocorre nos hospitais municipais sob administração direta, além de contribuir com o abastecimento dos hospitais municipais administrados pelas Organizações Sociais. A dificuldade do mercado, em decorrência do alto consumo desses itens, faz com que se tenha estoques abaixo do ideal.
A equipe de farmacêuticos da secretaria tem oferecido produtos alternativos e similares em substituição aos mais usuais, mediante protocolos elaborados em conformidade com o seu uso. A pasta afirma que ocorreu o HM Guarapiranga está abastecido.
A secretaria não se posicionou sobre o caso específico do paciente Wellington Soares.