São Paulo- Hong Kong condenou o primeiro morador sob os termos de sua nova Lei de Segurança Nacional, legislação imposta pela China há 13 meses que suprimiu as liberdades na antiga colônia britânica e desafiou o Ocidente.

O ex-garçom Leon Tong Ying-kit, 24, pode pegar prisão perpétua por ter atingido um grupo de três policiais com uma motocicleta durante um protesto em 1º de julho de 2020 - um dia depois do início da vigência da nova lei.

Mais importante, Tong carregava na moto a bandeira preta com dizeres brancos em cantonês e inglês: "Liberte Hong Kong, revolução nos nossos tempos". O mote era um dos mantras dos gigantescos protestos que paralisaram o território chinês em 2019.

A partir daí, a repressão de Pequim se tornou mais evidente. Após mais de seis meses de atos e sob o impacto da pandemia, os manifestantes receberam um golpe final com a edição da lei, que encerrou a autonomia judicial que Hong Kong teria até 2047, segundo o acordo feito com o Reino Unido para sua devolução à China em 1997.

Pelo texto, qualquer pessoa acusada de secessão, terrorismo, subversão ou conluio com estrangeiros para esses fins é passível de um processo judicial especial.

Também rompendo o acertado com Londres, forças chinesas instalaram uma grande unidade de repressão na cidade, suplantando a polícia local na tarefa de caçar dissidentes. O resultado foi a virtual dissolução do movimento pró-democracia, uma constante inclusive nas eleições honconguesas, que teve em 2019 seu canto do cisne. Deputados de oposição no Conselho Legislativo, a Câmara dos Deputados local, renunciaram.

Sob alegação de risco na pandemia, o pleito legislativo de 2020 foi cancelado, e Pequim aprovou novas regras eleitorais que só permitirão pessoas politicamente alinhadas à ditadura comunista a concorrer. A imprensa está sob cerco, e um jornal oposicionista fechou após sofrer batida policial.