SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No dia em que a invasão da Ucrânia pela Rússia completa um mês, as atenções e expectativas voltam-se a Bruxelas, na Bélgica, onde ocorrem nesta quinta-feira (24) três reuniões de lideranças do Ocidente que podem ter influência direta sobre os próximos acontecimentos da guerra.

O dia agitado da cúpula começa na sede da Otan, onde os líderes da aliança militar ocidental, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, devem anunciar o aumento de forças militares no flanco leste da Europa.

Outro encontro reunirá chefes de Estado da União Europeia, e um terceiro, o G7 (fórum diplomático com Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido).

Na véspera, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, usou seu pronunciamento diário sobre o conflito para pressionar as lideranças ocidentais, tratando esta quinta como uma espécie de divisor de águas da guerra.

"Nas três cúpulas, poderemos ver quem é nosso amigo, quem é parceiro e quem nos traiu por dinheiro", disse. Zelenski também pediu "medidas significativas" de apoio à Ucrânia e reiterou duas de suas principais reivindicações.

A primeira foi a criação de uma zona de exclusão aérea sobre o país --considerada improvável porque, na prática, representaria um ataque direto à Rússia de Vladimir Putin e, por consequência, uma escalada ainda mais acentuada do conflito.

O segundo pedido foi por mais ações mais assertivas da Otan. "Pedimos que a aliança diga que vai ajudar totalmente a Ucrânia a vencer essa guerra", disse Zelenski.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou na quarta-feira (23) a preparação de novos grupos de batalha na Europa Oriental para impedir a Rússia de atacar qualquer um dos membros da aliança militar. O norueguês repetiu, entretanto, que a Otan não vai enviar soldados ou aviões à Ucrânia.

"O presidente Putin cometeu um grande erro", disse Stoltenberg, apontando para a força da resistência da Ucrânia e a unidade do Ocidente. Nesta "crise de segurança mais séria em uma geração", continuou, "estaremos seguros enquanto estivermos juntos".

As 30 nações que compõem a aliança seguem alarmadas com a perspectiva de que a Rússia possa agravar o conflito com o vizinho e concordaram em enviar mais assistência à Ucrânia, incluindo equipamento para "se proteger contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares".

"Os passos de Putin são feitos para nos deixar com medo também, de um modo que nos impeça de ajudar a Ucrânia. Definitivamente não devemos cair nessa armadilha", disse Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, ao chegar à cúpula em Bruxelas. "Putin não pode vencer esta guerra, isso é muito importante para todos nós."

Na reunião do G7 --que, com exceção do Japão, é formado também por países-membros da Otan--, a expectativa é de um novo pacote de sanções contra Moscou.

A Rússia sofreu um bloqueio no comércio mundial em um grau nunca visto contra uma economia tão grande. Mas a maior brecha das sanções está relacionada à exceção para exportações russas de gás e petróleo. Vários dos membros da UE resistem em intensificar a retaliação porque dependem da energia produzida na Rússia.

Em uma publicação nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia fez um apelo com ares de acusação aos países do bloco europeu e os instou a demonstrarem mais força. "Líderes das UE, a Ucrânia os protege da agressão russa há quase um mês. Parem de financiar a guerra, parem de pagar pela energia russa."