Guedes volta a criticar impostos sobre salários como forma de bancar CNI
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terça-feira, 07 de dezembro de 2021
FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Paulo Guedes (Economia) voltou a criticar nesta terça-feira (7) a forma de financiamento do chamado Sistema S, conjunto de instituições administradas por entidades empresariais. Elas recebem recursos recolhidos pela Receita Federal sobre a folha de pagamentos das empresas.
"Quero deixar uma reflexão para a CNI [Confederação Nacional da Indústria]. Faz um belíssimo trabalho, mas a forma de financiamento está equivocada", afirmou em evento da própria CNI -que administra o Sesi (Serviço Social da Indústria) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
As entidades do Sistema S, que costumam oferecer também iniciativas de aprendizagem, são mantidas com contribuições das empresas que incidem sobre a folha de pagamento -tipo de cobrança que Guedes chama de arma de destruição em massa de empregos.
"Não pode ser imposto sobre folha de pagamento, que é uma arma de destruição de massa de empregos. Se não falarmos a verdade um para os outros, não vamos ter sucesso. Só teremos sucesso se falarmos a verdade uns para os outros", afirmou no palco, que também tinha a presença do presidente da CNI, Robson Andrade (que aplaudiu a fala em meio aos aplausos da plateia).
"A verdade é que esse financiamento é equivocado. Destrói empregos. O trabalhador, para ganhar R$ 1 mil, custa R$ 2 mil para a empresa. É inaceitável", disse.
Apesar disso, o ministro afirmou que o trabalho de aprendizagem feito pelo Sistema S é brilhante, e que o ponto é a necessidade de mudar a forma de financiamento.
As falas de Guedes lembram quando o ministro afirmou que era necessário "enfiar a faca", no Sistema S. Isso ocorreu em dezembro de 2018, ates de ele assumir o cargo, mas o plano não avançou.
Neste ano, o governo criou uma MP (Medida Provisória) para usar recursos do Sistema S para o financiamento de um novo programa voltado ao treinamento profissional de jovens carentes. Metade seria paga pelo Sistema S e a outra metade pela empresa para a qual o indivíduo trabalha.
Mas os dirigentes das entidades resistem à mudança e a proposta caiu no Congresso.
Em setembro, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, fez comentário similar e defendeu "passar a faca" no Sistema S com o objetivo de se obter recursos para o pagamento de bolsas para a qualificação de jovens carentes.