SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou em entrevista ao jornal Financial Times as previsões feitas por bancos de estagnação ou mesmo encolhimento da economia em 2022.

"Claro que [os bancos] estão errados. Ou eles estão errados ou eles são militantes politicamente. Eles estão tentando afetar a eleição... Eles ainda não aceitaram a eleição de Bolsonaro", afirmou o ministro.

No final de outubro, o Itaú Unibanco revisou a projeção para desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem, de uma alta de 0,5% para uma queda de 0,5%.

"Notícias sobre o aumento dos gastos fiscais aumentaram as dúvidas sobre o futuro do arcabouço fiscal no Brasil, que desde 2016 tem sido baseado em um teto de gastos ajustável", escreveu o banco em sua análise, logo após a divulgação de que o governo driblaria o teto com a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios para ampliar gastos em ano eleitoral.

Além do Itaú, a Asa Investments e a MB Associados também revisaram para pior suas estimativas para 2022. A Asa projeta uma recessão técnica no primeiro semestre de 2022, enquanto a MB vê um cenário de estagflação (preços em alta e atividade econômica fragilizada) no próximo ano.

Economistas ouvidos pelo Banco Central também têm piorado suas estimativas para o PIB. Na pesquisa Focus mais recente, divulgada nesta segunda (22), a expansão da economia no próximo ano foi reduzida de 0,93% para 0,70%.

O próprio governo vem revisando para baixo suas estimativas para a economia, embora ainda projete expansão.

Em sua análise mais recente, o Ministério da Economia reduziu de 2,5% para 2,1% sua projeção de crescimento do PIB em 2022.

De acordo com o ministério, o principal fator doméstico para o corte é a deterioração das condições financeiras no país, com elevação dos juros. As taxas têm sido estimuladas pelo avanço da inflação e pela desconfiança do mercado em relação às contas públicas, impulsionada principalmente pela discussão da PEC dos Precatórios.

Na entrevista ao Financial Times, no entanto, Guedes repetiu que o Brasil voltaria a "surpreender o mundo".

O ministro aproveitou para defender o avanço de reformas liberais, e disse acreditar que ainda há chance se aprovação das mudanças no Imposto de Renda neste ano --projeto cujo próprio relator no Senado disse duvidar da aprovação.

Guedes também afirmou que vai "lutar até o final" pela privatização da Eletrobrás e pela reforma administrativa e criticou investidores por não reconheceram as mudanças estruturais que o governo atual estaria fazendo na economia brasileira.