<p>BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Google.org, braço filantrópico do Google, irá doar R$ 1 milhão para organizações que atuam em ações de enfrentamento ao racismo, violência racial e incorreções que ocorrem dentro do sistema de justiça criminal no Brasil.

</p><p>Serão contempladas dez entidades, que irão receber R$ 100 mil cada. A seleção será feita pelo Fundo Baobá para Equidade Racial. O edital "Vidas Negras: Dignidade e Justiça" será lançado nesta quarta-feira (5), e as organizações interessadas poderão se inscrever pelo site da fundação.

</p><p>Além do aporte financeiro, cada instituição contemplada receberá, durante um ano, treinamentos do Google em áreas como planejamento e captação de recursos.

</p><p>Os projetos devem se enquadrar em quatro causas prioritárias: enfrentamento à violência racial sistêmica; proteção comunitária e promoção da equidade racial; enfrentamento ao encarceramento em massa entre adultos e jovens negros e redução da idade penal para adolescentes; e reparação para vítimas e sobreviventes de injustiças criminais com viés racial.

</p><p>De acordo com Flavia Garcia, líder de Diversidade, Igualdade e Inclusão no Google para América Latina e Canadá, a empresa já trabalhava com questões raciais em suas políticas, mas foi em 2020, com a mobilização em torno do assassinato do homem negro americano George Floyd por um policial branco, que o projeto de apoio financeiro se estruturou.

</p><p>No ano passado, Sundar Pichai, presidente do Google, assumiu compromisso de apoiar organizações nos Estados Unidos, Brasil e demais países que convivem com racismo e desigualdade racial de modo estrutural -quando as discriminações se enquadram além da injúria racial e impedem que pessoas negras ocupem espaços de poder.

</p><p>"O Brasil é super relevante quando a gente fala em equidade racial pensando na população negra. A gente vai falar cada vez mais sobre isso por aqui. Vários dos nossos programas globais estão aterrissando aqui no Brasil, como o Google Black Funders, no qual a gente financia startups fundadas por pessoas negras", afirma Garcia.

</p><p>O Fundo Baobá para Equidade Racial, que irá coordenar o projeto, atua há dez anos com questões raciais. Segundo a diretora executiva, Selma Moreira, é o primeiro fundo financeiro dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil.

</p><p>Os primeiros passos do fundo foram com o apoio da Fundação Kellogg. Apenas a partir de 2015 o fundo passou a ter apoios de outras empresas.

</p><p>O grupo trabalha atualmente com 21 empresas, e a maior parte do investimento vem de entidades estrangeiras. Em dez anos, já foram arrecadados cerca de R$ 10,5 milhões e 479 organizações foram apoiadas, com 246 mil beneficiários.

</p><p>Moreira espera que o apoio do Google abra portas para mais investimentos.

</p><p>"No Brasil, geralmente quem tem fundo é uma família milionária. O nosso desafio é fazer uma construção de patrimônio para o investimento na causa racial, captar recursos para uma pauta que no Brasil as pessoas pouco gostam de falar", afirma.

</p><p>Além da iniciativa com o Google, o fundo atua na promoção de editais e captação de recursos no Brasil e no exterior e promove ações de prevenção ao coronavírus, apoio à primeira infância, suporte a pessoas negras em situação de risco, pessoas trans e empreendedores negros.</p>