GM em São José dos Campos suspende turno de produção por falta de peças
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sexta-feira, 29 de outubro de 2021
FERNANDA BRIGATTI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A fábrica da General Motos em São José dos Campos (a 90 km de São Paulo) paralisará o segundo turno de produção da picape S10 a partir do dia 8 de novembro. A suspensão do trabalho é necessária devido à escassez mundial de semicondutores e será feita por meio de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho).
A proposta da GM foi aprovada em assembleia realizada nesta sexta (29) no pátio da empresa. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, os contratos de cerca de 700 operários serão suspensos por um período de dois a cinco meses.
No lay-off, a empresa mantém os recolhimentos ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e pode pagar um complemento sem natureza salarial. Parte dos salários é pago com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).
O acordo fechado entre a montadora e os metalúrgicos prevê que os trabalhadores continuarão recebendo o valor correspondente aos seus salários líquidos -ou seja, combinados o complemento e o recurso do FAT, eles ainda terão a mesma remuneração atual.
No período de suspensão, os metalúrgicos em lay-off não poderão ser demitidos. A estabilidade no emprego foi um dos pontos centrais das negociações entre o sindicato e a GM.
Segundo a entidade que representa os trabalhadores, a empresa também se comprometeu em efetivar 300 pessoas que tinham contratos temporários e que seriam dispensadas nos próximos meses.
"Sem essa conquista, certamente haveria demissões na fábrica. Diante da crise, toda negociação tem de vir condicionada à estabilidade dos empregos", disse o vice-presidente do Sindicato, Valmir Mariano, em nota.
A fábrica da GM em São José tem cerca de 3.800 trabalhadores. Além da S10, a unidade produz também o modelo Trailblazer.
A indústria automotiva é uma das mais afetadas pela crise dos chips semicondutores. A produção dessas pequenas peças foi afetada por uma sequência de rupturas desde o início da pandemia. Houve aumento na demanda, com mais gente comprando produtos como tablets e computadores.
Ao mesmo tempo, a produção, que chegou a parar no início da crise sanitária, não conseguiu crescer na mesma velocidade.
No Brasil, desde o início de 2021 diversas montadoras precisaram usar férias coletivas, licenças remuneradas e bancos de horas para adequar a produção à disponibilidade de componentes. Na indústria, a expectativa é de que o abastecimento só seja solucionado a partir do segundo trimestre de 2022.
A GM diz, em nota, que o lay-off permitirá proteger empregos e a sustentabilidade do negócio. "A cadeia de suprimentos da indústria automotiva tem sido impactada globalmente pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida do que o esperado."