RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Ainda sem impacto dos mega-aumentos anunciados nesta quinta-feira (10), o preço da gasolina subiu pela segunda semana seguida no país, segundo pesquisa semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

Esta semana, o litro do combustível foi vendido pelos postos brasileiros a um preço médio de R$ 6,683, alta de 1,6% em relação ao verificado na semana anterior. A coleta dos dados, porém, é feita nos primeiros dias da semana —antes, portanto, do reajuste de 18,8% nas refinarias da Petrobras.

Após o reajuste, houve relatos de postos já antecipando a alta em todo o país. Motoristas correram aos postos para tentar comprar ainda com preço antigo e foram vistas filas em postos da Argentina, onde o combustível é mais barato.

Considerando que todos os outros componentes de preços fiquem inalterados, a expectativa é que o repasse do reajuste da Petrobras leve o preço médio da gasolina no país para cerca de R$ 7 por litro.

Abastecida pela primeira grande refinaria privada do país, a Bahia sofreu antes os impactos da escalada das cotações internacionais do petróleo após o início da guerra na Ucrânia. A Refinaria de Mataripe, controlada pelo fundo árabe Mubadala, decidiu repassar a alta no último dia 5.

Assim, os postos baianos tiveram a semana para repassar a alta: segundo a ANP, o preço médio da gasolina no estado subiu 9,9%, para R$ 7,691 por litro. Em Eunápolis, a 530 quilômetros de Salvador, a pesquisa da agência encontrou o combustível a R$ 8,77 por litro.

Embora os reajustes da Petrobras tenham entrado em vigor apenas nesta sexta (11), a ANP detectou aumento do preço da gasolina em todas as regiões brasileiras durante a semana. Puxada pela Bahia, a região Nordeste teve a maior alta, de 4,3%.

Na região Sudeste, o aumento médio foi de 0,3%. No Norte, o preço médio da gasolina subiu 1%. No Sul e no Centro-Oeste, as altas foram de 1,1% e 1,7%, respectivamente.

De acordo com a agência, o preço do diesel também subiu na semana, chegando a R$ 5,814 por litro, alta de 3,7%. Na quinta, a Petrobras anunciou reajuste de 24,9% no valor de venda do combustível em suas refinarias. Com o repasse do reajuste, o preço médio do produto deve ficar perto de R$ 6,50 por litro.

Já o preço do gás de cozinha, que também foi reajustado na quinta, em 16,1%, também ainda não foi impactado, fechando a semana, em média, a R$ 102,42 por botijão de 13 quilos, no mesmo patamar da semana anterior.

O preço do etanol hidratado subiu 6%, para uma média de R$ 4,646 por litro, acompanhando alta na cotação do produto nas usinas. Segundo a Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP), o etanol vendido em São Paulo subiu 8,2% na semana.

Os reajustes da Petrobras provocaram reação entre consumidores, no mundo político e no próprio governo, que conseguiu aprovar no Congresso mudança no modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis, uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o setor.

A Petrobras chegou a segurar os preços da gasolina e do diesel por 57 dias, mas cedeu à pressão da escalada das cotações internacionais após o início da guerra da Ucrânia, sob o risco de responsabilização de seus executivos por provocar perdas financeiras à empresa.

No mercado, havia o temor de desabastecimento por inviabilidade de importações privadas antes dos reajustes, já que a venda pelos preços nacionais de produtos mais caros comprados no exterior traria prejuízos.

Nesta sexta, o MME (Ministério de Minas e Energia) anunciou a criação de um grupo de trabalho para acompanhar as condições de abastecimento. O objetivo é acompanhar o mercado e sugerir medidas para garantir que os postos não fiquem sem produtos.

Especialistas no setor acreditam que os reajustes ajudam a viabilizar as importações, mas ainda há riscos de problemas pontuais, dado que uma decisão de trazer produtos agora só garantiria a chegada dos navios em 45 a 60 dias.