Fundador do PSDB, pai de Eduardo Leite diz que filho segue princípios originais do partido
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sábado, 26 de março de 2022
JULIANA BRAGA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Para José Luís Leite, 75, pai do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o "PSDB histórico" se fez ouvir na carta na qual líderes tucanos pediram a permanência de seu filho no partido.
O documento foi elaborado por caciques da legenda, como os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE), além do deputado federal Aécio Neves (MG) e do presidente nacional do partido, Bruno Araújo (PE), entre outros.
Professor Marasco, como é conhecido em razão de seu sobrenome materno, foi filiado ao partido desde sua fundação e o responsável por abrir o diretório municipal de Pelotas ainda em 1988. Diz com orgulho ser o portador da ficha de filiação número 1 do município.
"O PSDB do qual eu fiz parte não é exatamente o mesmo de hoje. Os partidos se tornaram homogêneos. Mas aquele PSDB do meu tempo levantou a voz. Os históricos se fizeram ouvir", disse ele, que foi professor de Sociologia e Direito na Universidade Católica de Pelotas e na Universidade Federal de Pelotas.
Ele afirma ao Painel que a carta teve a inspiração nos princípios originais do PSDB: uma centro-esquerda racional, mais permeável aos novos tempos e às modificações do mundo.
O pai do governador se desfiliou da sigla em 1998, muito antes de Eduardo entrar no partido. "Talvez por isso ele sempre tenha querido inspirar-se no PSDB original", acrescenta.
O professor avalia que, quando foi fundada, a legenda era mais próxima dos ideais da esquerda e só não ocupou esse espaço porque já estava preenchido pelo PT.
Depois, avalia, com a queda do Muro de Berlim e a derrocada da União Soviética, algumas lideranças passaram a acreditar que parte das teses originais estava prejudicada.
Por fim, o Plano Real, criado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, acabou por sacramentar um posicionamento mais ao centro.
Leite pai conta que o filho já compartilhou com ele sua decisão sobre sair ou não do partido e do governo, que deve ser anunciada na próxima segunda-feira (28), mas não quis revelá-la ao Painel. "Até porque nada garante que será o mesmo que ele anunciará. As peças ainda estão se movendo."
O pai do governador mora em Pelotas e estará em Porto Alegre neste final de semana, segundo ele, por outros motivos. Mas brinca que irá ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, porque pode ser a última vez.
Leite filho perdeu as prévias tucanas e foi convidado pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab a concorrer à Presidência da República.
A tendência atual, dizem pessoas próximas, é ele permanecer no PSDB, esperando alguma definição do partido sobre designá-lo candidato a presidente no lugar de João Doria, para quem ele perdeu a prévia no ano passado.