Fundador da Localiza defende projeto de Bolsonaro sobre mineração em terra indígena
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quinta-feira, 17 de março de 2022
JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O empresário Salim Mattar, fundador da Localiza, sai na contramão de uma parte grande do empresariado e defende a tentativa do governo Bolsonaro de deslanchar a mineração em terras indígenas na Amazônia.
"Opção pelo atraso. Figuras do meio financeiro e instituições de prestígio têm se posicionado contra o projeto de lei 191/2020, que libera exploração de petróleo, gás, minérios e outras atividades em terras indígenas. Inadmissível abandonar as riquezas do subsolo e manter o país pobre", escreveu em rede social o empresário alinhado a Bolsonaro.
Em outra publicação, dias antes, Mattar criticou uma manifestação liderada por Caetano Veloso que fez um ato em Brasília contra os projetos de lei que afrouxam a legislação ambiental.
"Um grupo de artistas de esquerda foi ao STF contra o marco temporal e mineração em terras indígenas. Esperamos que os ministros sejam cuidadosos e sensatos neste julgamento não se deixando influenciar pelas figuras populares que os visitaram. O país precisa explorar suas riquezas", disse o fundador da Localiza.
O presidente alega que a medida pode ajudar a reduzir a dependência dos fertilizantes importados no momento em que a guerra na Ucrânia expõe a fragilidade no abastecimento do produto.
No entanto, o próprio Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), que tem entre as associadas gigantes como Gerdau, Vale e Mosaic Fertlizantes, divulgou um comunicado afirmando que o projeto de lei não é adequado.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne as principais associações do agronegócio brasileiro, grandes empresas do setor, bancos, academia e sociedade civil também elaborou uma nota com críticas ao projeto.
Segundo a coalizão, o garimpo em terras indígenas não resolverá eventuais crises de escassez de fertilizantes, ao contrário do que defende o presidente.
Além das recentes manifestações públicas em nome de associações empresariais, figuras de peso no setor privado contestam a investida bolsonarista.