Funcionário do Hopi Hari foi avisado de falha antes de montanha-russa operar, diz frequentador
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terça-feira, 14 de dezembro de 2021
TOTE NUNES
CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - Antes de o carrinho iniciar a subida da montanha-russa Montezum no último sábado (11), frequentadores do parque Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, alertaram funcionários aos gritos de que a trava de segurança do equipamento havia se soltado.
A afirmação foi feita à reportagem nesta terça-feira (14) pelo analista de sistemas Caio Matos. Ele conta que estava na plataforma de espera quando a montanha-russa iniciou o percurso. Segundo Matos, ele e outras pessoas na plataforma gritaram para indicar o problema.
Naquele dia, a trava de segurança se soltou na mão de um dos frequentadores quando o brinquedo já estava na rota da primeira subida. A viagem teve de ser interrompida, e os usuários precisaram ser resgatados do alto do aparelho.
"Vi quando o rapaz [que estava sentado na cadeira com problemas] reclamou. Mas não foi nada alarmante", disse Matos. "Mas logo em seguida, quando o carrinho começou a se movimentar, outras pessoas começaram a gritar. Eu mesmo gritei. E foram mais de três vezes que as pessoas gritaram, mas o funcionário dizia que, se a trava não estivesse fechada, o carrinho não andaria."
"Uma mulher que estava ao lado do rapaz, acho que era parente dele, começou a gritar muito, mas o carrinho não parou", continua Caio.
"O mais absurdo não foi o problema técnico, mas um monte de gente pedindo para que o brinquedo parasse e ele não parou. O mais absurdo é a gente ver esse tipo de pedido ser, assim, descartado", concluiu ele.
Antes de atingir o pico para a descida de uma rampa, os frequentadores levantaram as mãos em forma de xis --um sinal de alerta instituído pelo próprio parque para avisar que está havendo algum problema ou alguém pedindo para que o brinquedo seja parado. Foi só então que o brinquedo parou e teve início a operação de resgate das pessoas.
O analista conta que chegou a ver o desespero do rapaz. "Ele tava tremendo. As pessoas que estavam em volta dele estavam chorando", conta.
Matos diz que não conseguiu falar com os funcionários depois que o incidente aconteceu. "Eles evacuaram a área, não deixaram a gente ficar lá, mas eu queria dizer umas boas para eles."
A cena do carrinho paralisado no alto da montanha-russa assustou quem estava em brinquedos próximos, como o analista de suporte Carlos Eduardo Oliveira Viana, 32.
"Nossa! Dava para ver o rapaz com a trava na mão. Eu conheço dezenas de parques no Brasil e fora do Brasil, em Orlando, Ohio [ambos nos Estados Unidos], e posso dizer que em todos eles aquela trava não é a trava redundante, como diz a diretoria do Hopi Hari. É a trava principal", diz ele.
"Acho que ele [o frequentador] estava desprotegido, sim. Tanto que foi o primeiro a ser retirado pelos funcionários", afirma. Segundo Viana, a intervenção do pessoal de apoio do parque foi rápida.
A reportagem entrou em contato com a direção do parque sobre os depoimentos dos dois frequentadores que estiveram no parque no último sábado, mas até o momento não teve respostas.
Cerca de 6.000 pessoas passaram pelo parque no sábado. A Montezum tem capacidade para transportar até 12 mil pessoas por dia.
Anteriormente, a direção do parque divulgou uma nota oficial sobre o incidente.
No comunicado, de segunda-feira (13), Reconheceu a existência do problema, mas garantiu que foram adotadas as medidas de segurança previstas.
"Imediatamente a equipe responsável pela operação suspendeu o ciclo e iniciou a análise da ocorrência", informou a diretoria do parque na nota.
Segundo a direção, o protocolo em casa de parada técnica foi iniciado e todos os visitantes foram desembarcados. Diz ainda que os assentos dos dois carros foram inspecionados.
O Hopi Hari afirma que mantém inspeções diárias na atração. Informa ainda que os atendentes realizam dupla checagem das travas e cintos de segurança, antes de liberação da viagem.
Garante que os assentos possuem geometria e divisória lateral para auxiliar na contenção do visitante em sua posição.
Por fim, diz que só trabalha com peças originais e que está em contato com a fabricante "em busca de melhorias no processo".
Em 2012, uma adolescente de 14 anos morreu ao cair de um brinquedo no Hopi Hari. A garota estava numa atração conhecida como elevador La Tour Eiffel, um equipamento de 70 metros de altura, quando a trava de segurança se rompeu.