França valida lei que retringe Huawei em redes de 5G
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sexta-feira, 05 de fevereiro de 2021
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - O Conselho Constitucional da França validou nesta sexta (5) uma lei de 2019 que restringe fortemente a participação de equipamentos chineses no mercado de 5G, chamada no país de "lei anti-Huawei". A regra havia sido contestada por operadoras de telecomunicação francesa que construíram sua rede móvel com equipamentos da Huawei, como a SFR e a Bouygues Telecom.
A companhia chinesa, uma das líderes mundiais em equipamentos 5G, foi acusada pelos Estados Unidos de praticar espionagem para o governo da China. A Huawei, que sofreu reveses semelhantes em países como a Suécia, o Reino Unido e o Japão, tem repetido que está em operação há 30 anos e jamais teve um caso de espionagem comprovada.
No Brasil, o governo do presidente Jair Bolsonaro negociou com as operadoras liberar a participação da Huawei em troca da construção de uma rede própria (fixa e móvel) sem equipamentos da gigante chinesa. Essa infraestrutura seria construída com dinheiro das teles para atender órgãos públicos federais em Brasília.
Uma decisão da Anatel é esperada para 24 de fevereiro, a tempo de garantir a realização antes do final deste semestre do leilão para a construção da infraestrutura de 5G no país.
Embora a Huawei não esteja expressamente proibida na França, a lei de 2019 foi usada pela Agência Nacional de Segurança Informática (Anssi) para praticamente inviabilizar a concessão de licenças de operação a redes que usam a tecnologia chinesa.
Ao recorrer ao Conselho Constitucional, a Bouygues Telecom argumentou que teria que remover 3.000 antenas de áreas densamente populadas para atender à regulação, que lhe causaria grande prejuízo. O órgão no entanto considerou que o governo está "preservando interesses de defesa e de segurança nacional ao proteger as redes de rádio móvel dos riscos de espionagem, pirataria e sabotagem que possam decorrer da tecnologia 5G". Segundo o conselho, proteger a nação é um requisito constitucional.
Apesar das restrições francesas, a Huawei tem planos de inaugurar em 2023 no país sua primeira fábrica de equipamentos de tecnologia 5G fora da China. A estratégia é ter uma base na União Europeia, onde estão seus dois principais concorrentes: a Nokia, da Finlândia, e a Ericsson, da Suécia.
ENTENDA O 5G
A tecnologia, de redes móveis ultra-rápidas, permite que aparelhos domésticos, máquinas industriais e carros, por exemplo, sejam conectados à internet de forma mais confiável e com respostas imediatas.
O 5G reduz a praticamente zero o tempo de resposta quando se clica num link, se aperta um comando de videogame ou se coloca um vídeo para rodar.
Em teoria, essa espera, chamada de latência, será de na média 1 milissegundo (1 milésimo de segundo), segundo fabricantes.
Embora o 4G já seja bastante rápido, ele falha em áreas com densidade muito alta de acessos. Videos em streaming começam a travar quando todos tentam acessá-los ao mesmo tempo, e o sinal desaparece em alguns pontos muito congestionados.
Com o 5G, é possível conectar muito mais aparelhos à rede sem que ela se congestione, o que dá mais segurança ao uso de comandos remotos.
Fabricantes anunciam a possibilidade de oferecer uma velocidade de download de até 10 Gbps (Gigabits por segundo), ou cerca de 100 vezes a de um 4G. Mas esse pico é difícil de ser obtido a não ser em laboratórios.
Em testes feitos pela Trustedreviews no centro de Londres , as velocidades de download foram de 200 Mbps, chegando a no máximo 410 Mbps.