BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Terminou sem acordo negociação nesta quinta-feira (3) entre integrantes do governo de Minas Gerais e representantes de policiais militares, civis e agentes penitenciários do estado que cobram recomposição salarial de 24% prometida pelo governador Romeu Zema (Novo) em 2019.

O encontro, que teve como principal participante pelo lado do governo a secretária de estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, foi o primeiro com as forças de segurança do estado desde manifestação da categoria em 21 de fevereiro que reuniu 30 mil pessoas, segundo organizadores, em Belo Horizonte.

O presidente da Aspra (Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais), Marco Antonio Bahia, disse não ter ocorrido avanço algum na conversa com a secretária, que começou por volta das 10h e durou cerca de 3 horas.

"Não houve nova proposta. Vamos levar esse resultado para as tropas. Caso entendam como um acinte, pode haver uma radicalização do movimento", declarou. A proposta feita pelo governador Zema na semana passada foi de 10% para todos os servidores do estado.

A secretária de Planejamento classificou o encontro como uma reunião "produtiva". "Não havíamos tido, até então, uma oportunidade de estarmos diretamente com sindicatos e associações", disse.

Conforme o representante do Sindpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais), Wemerson Oliveira, a secretária utilizou a reunião para repassar aos policiais que não há dinheiro para o reajuste além dos 10%.

"Estão pagando para ver", disse o representante do Sindpol. Uma nova manifestação está marcada desde a semana passada para o próximo dia 9.

A secretária Luíza Barreto afirmou ainda que Minas Gerais está acima do limite da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que controla gastos do poder público.

"Precisávamos esclarecer isso. Demonstrar às forças de segurança que o que o governo pode fazer, consegue fazer. Mesmo respeitando enormemente o trabalho das forças de segurança, o governo tem limitações legais que são reais, e que a gente precisa observar nesse momento", afirmou Barreto.

Depois da manifestação do dia 21, as forças de segurança de Minas Gerais passaram a trabalhar dentro do que classificam como dentro da "estrita legalidade".

Na prática, policiais militares, civis e agentes penitenciários são orientados por seus sindicatos e associações a não trabalharem utilizando equipamentos pessoais, como celulares, ou equipamentos públicos, como viaturas, que não estejam em condições de uso.

Pneus carecas, por exemplo, podem ser uma justificativa para que os policiais não patrulhem as ruas em veículos da PM. Apesar do embate entre governo e as forças de segurança, o Carnaval no estado ocorreu sem indícios de que a polícia não estivesse atuando conforme a necessidade.

Logo depois da manifestação do dia 21, representantes dos policiais civis afirmaram que a categoria estava trabalhando com apenas 30% do efetivo.

Grandes filas de motoristas em seus veículos à espera de atendimento do Detran (Departamento de Trânisto de Minas Gerais) foram registradas na quarta e quinta-feira da semana passada.

Porém, ainda segundo representantes da categoria, os policiais civis adotaram estratégia diferente e passaram a atuar nesta semana no que afirmam ser dentro da "estrita legalidade".

A mudança ocorreu depois de decisão da Justiça no estado no ano passado que determinou ser ilegal a realização de greves pela categoria.