Foliões vão a Carnaval privado no Rio, mas criticam 'privatização da festa'
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
BIANCA GUILHERME
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Marchinhas de carnaval, luzes neon, roupas coloridas, muito brilho no palco e na pele. Com o Carnaval de rua cancelado após uma nova escalada dos casos de Covid-19, foliões do Rio de Janeiro aproveitaram o período carnavalesco para curtir festas em eventos privados.
A reportagem acompanhou o Auê Festival, um dos principais festivais de Carnaval do Rio. Neste domingo (28), a festa teve apresentações do bloco Amigos da Onça e de Os Gilsons. O festival acontece no Armazém da Utopia, na região do Porto do Rio de Janeiro, com ingressos que variam entre R$ 120 e R$ 160.
A organização do evento exigiu o certificado de vacinação com ao menos duas doses do imunizante contra a Covid-19, conforme determinações da Prefeitura do Rio. Foram disponibilizados álcool em gel e pias com água e sabão, mas a maioria dos foliões não seguiu a recomendação de permanecer usando máscara durante o evento.
Para evitar aglomerações, a organização da festa decidiu espalhar os bares e áreas de entretenimento da festa em espaços separados e distantes entre si. Em uma destas áreas, quatro maquiadores estavam disponíveis para fazer maquiagens com glitter e em neon.
Foliões lamentaram o cancelamento do Carnaval deste ano no Rio de Janeiro e disseram sentir falta da festa nas ruas. Mas parte deles argumentou que, diante do atual cenário da pandemia, era mais seguro curtir o Carnaval em um espaço fechado e com exigência do passaporte da vacina.
Foi o caso diretora de audiovisual Shirlene Paixão, 33, disse que decidiu sair do isolamento pela primeira vez e encontrar amigos no festival.
"Essa foi uma decisão em nome da minha saúde mental, em nome da confiança na ciência e na vacina", disse. Ela afirma que ainda está receosa de ter contato com foliões que não tomaram a vacina, por isso optou por passar seu carnaval em um local que exige o comprovante.
O arquiteto Enzo Nercolini, 26, veio de São Paulo para aproveitar o feriado e curtir o Carnaval no Rio de Janeiro pela primeira vez. Não se arrependeu: "Dizem que está diferente dos outros anos, mas estou gostando muito dos eventos", disse.
Rômulo Vila Nova, 33, por sua vez, criticou o cancelamento do Carnaval de rua no Rio de Janeiro e disse não ver sentido nas restrições, já que parte do público está trabalhando em formato presencial e também usa o transporte público no dia a dia. Disse ainda que restringir o Carnaval a eventos particulares é uma forma de privatizar a festa.
"Eu voltei a trabalhar presencialmente há meses, lido com um monte de gente que nunca usa máscara. Acredito que se [a flexibilização de medidas sanitárias] vale para o trabalho, tem que valer também para lazer. Se vale para festa paga, tem que valer para a rua", disse.
Um grupo de jovens que veio de Juiz de Fora (MG) também criticou as restrições, classificou o formato do Carnaval como privatizado e se disse triste por por não curtir os famosos blocos de rua do Rio de Janeiro. Por isso, decidiram ir à festa para assistir Amigos da Onça, bloco tradicional da cidade.
O Auê Festival ainda terá mais três dias de programação, com shows na segunda-feira (28), sexta-feira (4) e sábado (5). Confira a programação:
28 de fevereiro
o Johnny Hooker
o Majur
o Batekoo convida Deize Tigrona
o Badauê
o Cindy
o Bruna Strait
o Migs in Fervo
4 de março
o Silva
o Bloco pra Iaiá
o Carol Emmerick
o Cix
o Yasmin Vilhena
o Bruna Lennon
5 de março
o Alceu Valença
o Vem cá minha Flor
o Forró da Taylor
o Tata Ogan
o Ubunto
o Yasmin Vilhena
o Jamal
o Bruna Lennon

