Família de Ismael Ivo quer tirar nome do coreógrafo de escola em sua homenagem
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quarta-feira, 02 de março de 2022
JOÃO PERASSOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A família de Ismael Ivo não quer o nome do coreógrafo no projeto de uma escola de dança que ele idealizou e que será implantanda pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo neste ano.
Num documento enviado à Justiça no dia 15 deste mês, a advogada da família Ivo, Maria Nazareth da Silva, afirma que o governo de São Paulo ignorou a equipe previamente selecionada pelo coreógrafo para integrar a escola de dança --projeto ao qual ele se dedicou por três anos--, de modo que ela não tem qualquer participação no centro de formação.
A advogada sustenta ainda que os participantes negros que haviam sido convidados por Ismael Ivo para atuarem na escola também não foram incluídos no projeto. Segundo o documento, o coreógrafo "acompanhava, lutava e concordava" com políticas para garantir maior participação de negros na sociedade.
Por causa disso, a família argumenta que seria contraditório, irônico e uma afronta aos desejos de Ismael Ivo que a escola levasse seu nome, segundo o documento.
No dia 18, a Justiça determinou que a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo não pode usar o nome do coreógrafo na escola de dança que deveria se chamar São Paulo Escola de Dança Ismael Ivo.
A decisão é provisória e foi assinada pela juíza Vivian Wipfli. Wipfli estabelece um prazo de dez dias para que a secretaria seja ouvida, bem como o Ministério Público e a herdeira de Ivo, a irmã Vera Isolina Ivo, que acionou inicialmente a Justiça. Ou seja, deve haver uma nova decisão sobre o caso.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa pedindo comentários, mas não houve resposta até o momento da publicação.
O governo de São Paulo investiu R$ 11,8 milhões na criação da escola, que homenageia o bailarino e coreógrafo morto no ano passado, vítima da Covid-19, e vai funcionar no Complexo Cultural Júlio Prestes, na capital, que já abriga a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, o Memorial da Resistência e a Pina Estação.
Os herdeiros do artista afirmam que "reconhecem todo o empenho e atenção do governador João Doria e do secretário Sérgio Sá Leitão no caso".

