SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ator Fabricio Boliveira, 38, lançou, nesta quarta (24), uma plataforma para mapear artistas negros do estado do Rio de Janeiro, e apoiá-los na elaboração de materiais de apresentação para produtores e diretores. Chamada Elenco Negro, o objetivo da iniciativa é inserir novos talentos no mercado audiovisual.

"Esse projeto é uma questão de urgência e necessidade. Porque potencializar o artista negro e periférico é uma questão de mercado de trabalho, de mostrar talento e dar oportunidades para quem deveria ter condições de ter o mínimo", afirmou Boliveira ao jornal Extra.

Para ele, ainda há pouca representatividade em produções de TV, cinema e teatro. "Vejo muitas narrativas com pessoas pretas ligadas à violência, por exemplo. Por isso é importante termos não apenas atores negros, mas autores e roteiristas. Enquanto não ocuparmos esses lugares, não veremos histórias diferentes", disse.

Zezé Motta é madrinha da plataforma. Segundo o ator revelou ao Extra, o Elenco Negro continua o trabalho iniciado pela atriz nos anos 1990 com o Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan). "Zezé já interpretou minha mãe várias vezes, nós somos muito próximos. A ideia de convidá-la foi muito importante, porque a Zezé e o Cidan foram muito importantes. Tenho muitos amigos que começaram na carreira artística pelo projeto", afirmou.

A ideia, completou ele, é posteriormente ampliar a plataforma para o resto do país e fazer uma "grande rede digital de atores negros", disse. "E também lançar pessoas. Já estamos começando isso, oferecendo 50 monólogos para 50 artistas. Quando a pandemia passar ou quando pudermos sair em segurança, vamos produzir esse material com eles, presencialmente", afirmou.

O cadastro é gratuito e feito online.