<p>BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A implementação da telefonia de quinta geração vai ajudar o país a cumprir as metas pactuadas na ONU. Com a promessa de revolucionar a economia, o 5G pode fazer o PIB do Brasil crescer cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,5 trilhões) a mais até 2035.

</p><p>A estimativa é da consultoria especializada Omdia em estudo para a Nokia, um dos principais fornecedores de equipamentos de rede 5G.

</p><p>Por setores, esse aumento do PIB deve ser maior nas áreas de tecnologia (US$ 241 bilhões a mais), governo (US$ 189 bi), manufatura (US$ 181 bi), serviços (US$ 152 bi), varejo (US$ 88 bi), agricultura (US$ 77 bi) e mineração (US$ 48,6 bi).

</p><p>Estimular o crescimento é a chave para erradicar a pobreza e a fome, além de reduzir desigualdades sociais, principais objetivos da Agenda 2030.

</p><p>A ideia do governo é maximizar os investimentos exigidos pelo 5G para levar o país a um novo patamar de desenvolvimento, especialmente nas áreas mais pobres.

</p><p>A expectativa é que o leilão das licenças ocorra ainda no primeiro semestre deste ano, para que as operadoras vencedoras deem início à construção de suas redes.

</p><p>Nas obrigações definidas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as teles deverão oferecer planos comerciais nas capitais no segundo semestre de 2022 e em todo o território nacional em meados de 2029.

</p><p>Para isso, as operadoras terão de investir cerca de R$ 33 bilhões na construção da infraestrutura e na ampliação da rede 4G, que chegará a cerca de 1.400 localidades hoje desassistidas de qualquer serviço de telefonia, diz a Anatel.

</p><p>Segundo cálculos feitos pelo Banco Mundial, um aumento de 10% na oferta de conexões (móveis ou fixas) é capaz de ampliar em 1,2% o PIB da localidade beneficiada.

</p><p>"As contrapartidas permitirão levar conectividade a diversas localidades do país, iluminando os desertos digitais ainda existentes", diz Marcos Ferrari, presidente da Conéxis, associação que representa as operadoras de telefonia.

</p><p>Um estudo recente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) sobre os impactos da telefonia móvel nos compromissos da Agenda 2030 mostra que um acréscimo de 10% do investimento total das operadoras gera efeitos indiretos capazes de retirar da pobreza 360 mil pessoas por ano ou impedir que 375 mil passem fome.

</p><p>De acordo com o estudo, políticas públicas voltadas à oferta de conectividade permitem que a parcela mais vulnerável consiga trabalho, tenha acesso a microcréditos, gere renda e ascenda profissionalmente.

</p><p>É o que mostram experiências de países como Índia e Bangladesh, onde houve combinação de esforços privados (fabricantes de telefone lançaram modelos específicos de baixo custo) e governamentais (destinação de verbas para garantir o acesso).

</p><p>Foi esse conceito que norteou a nova política da Caixa Econômica Federal que, ao lançar um aplicativo para pagamento do auxílio emergencial aos prejudicados pela pandemia, acabou criando um banco digital para os mais pobres.

</p><p>Hoje, o aplicativo conta com mais de 107 milhões de cadastrados (com contas bancárias abertas) e a Caixa só aguarda aval do Banco Central para lançar esse novo banco, totalmente digital. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, um dos produtos será o microcrédito.

</p><p>Pelo estudo do BID, quanto maior o investimento das operadoras em tecnologia, maior é o efeito de aumento de renda na população. Cada 1% a mais nesse dispêndio provoca uma alta de 0,0027 ponto percentual, em média, na renda dos 20% mais carentes.

</p><p>Em média, as teles ampliam em cerca de 10% seu investimento total por ano. Com a nova rodada de desembolsos com o 5G, essa média terá um incremento de cerca de R$ 3 bilhões a mais, sem contar os dispêndios com melhorias na rede já instalada.

</p><p>A tecnologia estimula o surgimento de novas formas de prestação de serviço. As redes 3G e 4G tornaram possíveis o surgimento de aplicativos como Uber e iFood, que dão trabalho a motoristas e entregadores ao redor do mundo.

</p><p>Ao menos três metas definidas pela Agenda 2030 serão atendidas diretamente pelo edital do 5G, afirma Carlos Baigorri, conselheiro da Anatel que relatou o processo com as regras do leilão.

</p><p>"No campo da economia [objetivo 8], o 5G deve ser a alavanca para o próximo ciclo econômico, pois será a plataforma para diversas inovações na indústria, no campo, na mobilidade das pessoas."

</p><p>Ainda segundo ele, dois outros objetivos (inovação tecnológica e mobilidade nas cidades) também estão contemplados pelo edital que obriga a implantação do 4G em todas as localidades do país hoje sem serviço.

</p><p>"Além de reforçar a rede já existente, as empresas vencedoras do leilão terão de implantar uma rede 5G totalmente nova e no padrão tecnológico mais avançado em todos os municípios. Isso vai permitir reduzir desigualdades", diz Baigorri.

</p><p>Para ele, o consenso é que a nova plataforma será habilitadora de um novo conceito, a internet das coisas, graças às altíssimas velocidades na troca de dados [até cem vezes mais rápido que o 4G] com baixíssimo tempo de resposta entre as duas pontas [menos de um milissegundo]. "Estamos falando de uma nova revolução industrial."</p>