Ex-PM preso no litoral é suspeito de participação em 50 mortes
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 17 de maio de 2021
ALFREDO HENRIQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Suspeito de participação em 50 assassinatos na zona sul de São Paulo, segundo a Polícia Civil, e na lista dos mais procurados no estado, o ex-policial militar Gilberto Eric Rodrigues foi preso na última quinta-feira (13), em uma área rural de Peruíbe (135 km de SP), onde estava escondido. O ex-PM nega todos os crimes, segundo seus advogados Renato Soares do Nascimento e Mauro Ribas da Costa Júnior.
A prisão do ex-PM ocorreu em cumprimento a um mandado expedido em agosto do ano passado pela Justiça, após a morte do adolescente Guilherme Silva Guedes, 15 anos, em 14 de junho do mesmo ano, em Americanópolis (zona sul da capital paulista).
Rodrigues estava foragido desde 2015, quando, segundo a PM, fugiu do presídio militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, onde estava preso pela suposta participação em outra morte, dois anos antes, quando ele trabalhava no 37º Batalhão, na zona sul.
O sargento Adriano Fernandes de Campos, também suspeito de envolvimento na morte do adolescente, está preso desde agosto de 2020. Seu julgamento está previsto para outubro deste ano, segundo seus advogados. Ele também nega envolvimento no crime.
"Houve a morte de um jovem de 15 anos, que ensejou protestos. A suspeita [de que o sargento tenha participado do crime] veio da mídia, falando que ele teria participado da morte do jovem", afirmou Nascimento à época.
Nesta segunda, Nascimento disse que as 50 mortes atribuídas ao ex-PM preso no litoral "são para macular a imagem dele, para criar uma imagem de monstro". "Desafio a polícia a provar o envolvimento dele nestes casos", afirmou o advogado Renato Soares do Nascimento, no fim da tarde desta segunda-feira (17) ao Agora.
Ele acrescentou, ainda, que o ex-PM nega qualquer tipo de envolvimento no assassinato do adolescente na zona sul, mas admite, que o cliente trabalhava como segurança em um galpão, que teria sido invadido por suspeitos, instantes antes de a vítima ser supostamente confundida com um deles e, por isso, abordada e morta.
"Fiz contato com o Gilberto, no dia prisão. A primeira pergunta que fiz foi sobre a morte do Guilherme. Ele me disse que não teve participação nenhuma. Ele afirmou que não praticou esse crime e nem ajudou nenhum ato ou fato relacionado à morte do Guilherme", disse o advogado.
Policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) monitoraram por cerca de um mês uma chácara, em Peruíbe, onde o ex-PM estava escondido, segundo a polícia.
Quando os agentes entraram no local, na última quinta-feira, ele teria tentado fugir, mas foi contido e preso. Na chácara, policiais afirmaram ter encontrado celulares, uma pistola calibre 380, com numeração raspada, além de um documento de identidade falsificado, com a foto do suspeito.
"O ex-funcionário da corporação [PM] é investigado por outros 49 assassinatos. Há a suspeita de que ele tenha participado de 29 assassinatos no Campo Limpo e de outros 20 no Capão Redondo, entre 2012 e 2013", diz trecho de nota da Polícia Civil.
O ex-PM foi localizado também com o apoio do GER (Grupo Especial de Reação) e do Serviço Aerotático da Polícia Civil, segundo a polícia.
HOMICÍDIO DE ADOLESCENTE
O caso que fez o nome do ex-policial entrar no radar da Polícia Civil foi o assassinato do adolescente Guilherme Silva Guedes, morto com ao menos dois tiros na cabeça após ser abordado por dois homens armados em Americanópolis, quando estava em frente à casa da avó materna. A informação consta em um laudo necroscópico entregue por peritos ao DHPP na ocasião.
O adolescente teria sido confundido com uma pessoa que invadiu um galpão, onde os dois suspeitos pelo homicídio eram responsáveis pela segurança.
O corpo da vítima foi encontrado, por volta das 9h30 de 14 de junho do ano passado, no limite entre a zona sul de São Paulo e Diadema (ABC), com tiros na cabeça. Ele, no entanto, teria sido morto em outro local, antes de seu corpo ser abandonado no terreno onde foi localizado.
Segundo registrado pelo DHPP à época, o corpo do adolescente estava calçado somente com meias brancas.
Ainda de acordo com o departamento de homicídios, nenhum projétil de arma de fogo foi encontrado perto do cadáver, indicando que ele teria sido morto em outra região.