BARCELONA, ESP (FOLHAPRESS) - Se mantiver o ritmo atual de implementação das conexões 5G, a Europa só alcançará o estado atual da China na cobertura da tecnologia no fim da década.

A avaliação é de Nick Read, CEO da Vodafone, feita durante discurso na palestra de abertura do Mobile World Congress 2022, o principal evento do setor de telecomunicações no mundo, que acontece nesta semana em Barcelona.

A Europa, junto com a África, é um dos principais mercados da Vodafone.

Pedindo colaboração com governos, Read citou que, hoje, 60% das conexões de telefonia móvel na China são por meio do 5G. Além dos chineses, a Coreia do Sul (mais de 90%) e os EUA (45%) também são destaques na área. Na Europa, a métrica está abaixo dos 10%.

O 5G, que promete internet móvel mais rápida, é chave para uma maior digitalização da economia e da indústria. Com suporte a um maior número de conexões simultâneas, a tecnologia é essencial para a chamada "internet das coisas", na qual diferentes dispositivos --como lâmpadas, câmeras e sensores-- se conectam à rede. Na indústria, é visto como um motor para automação.

Para José María Álvarez-Pallete, CEO da Telefónica e presidente da GSMA, esse avanço deve vir com responsabilidade e respeitando valores humanos. "As linhas entre progresso material e progresso ético estão borradas", disse em palestra na de abertura do MWC. "A revolução digital precisa trazer progresso social."

DESIGUALDADE

Estudo divulgado pela GSMA, entidade que congrega as teles e organiza o MWC, aponta que o total de conexões 5G realizadas no mundo deve atingir a marca simbólica de 1 bilhão em no fim deste ano, dobrando a marca atingida em 2021.

A análise demarca a desigualdade global na implementação da tecnologia, que chega ao seu terceiro ano em implementação, mas só agora está presente em todos os continentes do mundo.

Segundo Mats Granryd, diretor-geral da GSMA, hoje metade da população global não está na internet. Das 3,7 bilhões de pessoas desconectadas, 3,2 bi estão em áreas onde há cobertura, mas elas não usam a rede.

"A boa notícia é que o buraco na cobertura está diminuindo. Chegou a mais 1,5 bilhão de pessoas nos últimos quatro anos [450 mi ainda estão em áreas em que a conectividade não chega]", afirmou.

A principal barreira de entrada para as 3,2 bi pessoas que estão cobertas, mas não usam a internet, é o custo, segundo Granryd. "A maior parte das pessoas não conectadas têm pouco estudo, estão em áreas rurais e são mulheres", disse.

O jornalista viajou a convite da Huawei.