SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (8) que irá suspender as importações de petróleo, gás e energia da Rússia, como sanção pela invasão da Ucrânia.

"Os Estados Unidos vão mirar na principal artéria da economia da Rússia. Isso significa que o petróleo russo não será mais aceito nos portos norte-americanos", disse em pronunciamento.

O Reino Unido também anunciou que irá eliminar gradativamente as importações de petróleo e derivados até o final do ano.

A perspectiva de que os Estados Unidos, o maior consumidor mundial da commodity, vá prescindir da extração russa elevou o preço do barril Brent acima dos US$ 130 (equivalente a cerca de R$ 662), o maior valor em 14 anos.

Mais cedo, a Rússia ameaçou cortar o fornecimento de gás para a Europa caso sanções econômicas sejam impostas ao setor energético, o que impulsionou os preços do barril de petróleo. Cerca de 40% do gás usado pelos europeus vem do país.

Segundo Biden, a decisão de suspender as importações foi tomada em "consulta próxima" com os países aliados na Europa.

"Estamos seguindo em frente com essa suspensão compreendendo que muitos dos nossos parceiros e aliados europeus podem não estar em uma posição para nos acompanhar", disse ele, acrescentando que os EUA são exportadores de energia.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, defendeu que a União Europeia não aplique sanções ao setor energético da Rússia até que fontes alternativas sejam encontradas. A Alemanha importa cerca de 55% desse insumo do país.

O presidente dos EUA disse, porém, que a suspensão não sairá de graça para a população. "A decisão de hoje não é sem custo aqui no nosso lar. A guerra de Putin já está ferindo a família norte-americana na bomba de combustível. Desde que Putin começou a escalada na Ucrânia, o preço do combustível subiu 75 centavos, e com essa ação, vai continuar a subir", alertou, acrescentando que vai liberar 60 milhões de barris da reserva do país para tentar conter o aumento do preço.

Biden afirmou, no entanto, que a guerra não deve ser pretexto para as companhias energéticas tentarem aumentar os lucros. "A guerra de Putin está elevando preços, mas isso não é desculpa para que as empresas elevem os preços e explorem os consumidores americanos. Isso é algo que não toleraremos", declarou.

A gigante britânica do petróleo Shell anunciou, hoje, que planeja se retirar do petróleo e do gás russos "gradualmente, em conformidade com as novas diretrizes do governo".

Risco de preços continuarem a subir

Até o momento, as sanções ocidentais contra a Rússia tentavam não afetar o setor de energia, que é crucial para a Europa. Especialistas ouvidos pelo UOL concordam que o serviço de gás natural é a principal arma geopolítica da Rússia. Quanto ao petróleo, a Rússia é o segundo maior exportador mundial, atrás da Arábia Saudita.

À medida que as entregas já firmadas por oleodutos continuam, muitas empresas e refinarias preferem evitar o petróleo russo, apesar das tensões no fornecimento de combustível.

O risco é que os preços subam ainda mais, após bater recordes quase todos os dias: o barril de Brent, referência para o mercado europeu, chegou hoje ao maior valor em 14 anos. Segundo a Rússia, o valor poderia ultrapassar os US$ 300 (R$ 1.529).

O presidente dos EUA, Joe Biden, ressaltou hoje que o conjunto de sanções imposto pelos países ocidentais está fazendo efeito sobre a economia russa. O dólar já subiu 104% ante o rublo, e a moeda norte-americana está na cotação mais alta da história no país.