<p>SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo dos Estados Unidos voltou atrás e anunciou nesta segunda-feira (3) que vai aumentar para 62,5 mil o limite de refugiados que poderão entrar no país —a gestão democrata foi alvo de críticas quando o presidente Joe Biden afirmou que manteria o teto imposto por Donald Trump.

</p><p>Em abril, a Casa Branca tinha dito que não aumentaria a cota de 15 mil estrangeiros em busca de refúgio, o número mais baixo desde a criação do programa para refugiados no país, em 1980.

</p><p>O presidente Joe Biden faz discurso durante uma visita a uma universidade em Norfolk, em Virginia

</p><p>"[A nova decisão] apaga o número historicamente baixo estabelecido pela administração que não refletia os valores da América como uma nação que acolhe e apoia refugiados", disse o presidente em comunicado divulgado pela Casa Branca.

</p><p>O texto afirma que a ordem executiva assinada no mês passado era para "ajustar apenas a alocação de admissões" —à altura, Biden ampliou a lista de países elegíveis para o pedido de refúgio— e que sua intenção era abordar o número de vagas em uma determinação separada.

</p><p>Ainda assim, Biden disse que os EUA não devem ser capazes de receber os 62,5 mil refugiados até o fim do atual ano fiscal, em 30 de setembro, e que o processo deve “demorar um pouco", mas que o governo está trabalhando "rapidamente para desfazer os estragos dos últimos quatro anos [do governo Trump]”.

</p><p>Ao deixar a Casa Branca, o ex-presidente Barack Obama estipulou que até 110 mil pessoas poderiam ser acolhidas nessa modalidade em 2017. Nos anos seguintes, Trump foi reduzindo o número como parte de sua agenda anti-imigração.

</p><p>A gestão republicana havia dado prioridade aos pedidos de refúgio feito por iraquianos que trabalharam para os militares dos EUA, principalmente cristãos, que enfrentam perseguição religiosa.

</p><p>O plano de Biden, por sua vez, deve distribuir as vagas da seguinte forma: 22 mil para a África, 6.000 para o Leste Asiático, 4.000 para a Europa e a Ásia Central, 5.000 para a América Latina e o Caribe, 13 mil para o Oriente e o sul da Ásia, e 12,5 mil para demais grupos.

</p><p>O vaivém da decisão ocorre enquanto os EUA enfrentam uma forte alta no número de imigrantes que tentam entrar de modo irregular. Ainda que a situação na fronteira dos Estados Unidos seja diferente da do programa de refúgio, há preocupações crescentes de que o aumento das travessias já tenha sobrecarregado o setor de refugiados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos.

</p><p>Manter o nível de admissões da era Trump deixaria milhares de refugiados aprovados para viajar para os EUA presos em campos ao redor do mundo.

</p><p>Enquanto aqueles que pisam em solo americano têm o direito legal de solicitar asilo e podem eventualmente comparecer perante um juiz de imigração, os refugiados que solicitam proteção no exterior são forçados a passar por vários níveis de verificação que muitas vezes podem levar anos.

</p><p>Grupos de refugiados disseram que a demora da tomada de decisão do governo Biden já levou ao cancelamento de centenas de voos para refugiados autorizados a viajar ao país.

</p><p>Neste domingo (2), o governo americano anunciou que imigrantes separados de seus filhos durante a gestão Trump vão poder entrar no país nesta semana por meio de um processo de emergência chamado de “liberdade condicional humanitária”.

</p><p>Quatro mães do México, de Honduras e da Guatemala que estavam entre os milhares de migrantes deportados sem seus filhos sob a política de separação familiar da administração anterior vão ser as primeiras a terem permissão para se juntar a seus filhos novamente.

</p><p>As quatro mulheres que devem cruzar a fronteira entre Texas e Califórnia fazem parte do grupo de pais de 5.500 crianças que foram separadas de suas famílias com base na política de tolerância zero instituída por Trump. O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, não forneceu detalhes sobre as famílias, apenas que duas das mães foram separadas dos filhos em 2017.

</p><p>Espera-se que outros 30 migrantes tenham permissão para entrar no país nos próximos 30 a 60 dias para se reunirem com seus filhos, segundo duas fontes ouvidas pelo New York Times.

</p><p>Sob pressão para cumprir sua promessa de campanha de reunir as famílias desmembradas na fronteira, Biden criou, pouco após assumir o cargo, uma força-tarefa liderada por Mayorkas.

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