Em Paris, pesquisador brasileiro expõe trabalho sobre judeus libaneses
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022
DIOGO BERCITO
FOLHAPRESS - O renomado Instituto do Mundo Árabe, em Paris, incluiu o trabalho de um pesquisador brasileiro em sua exposição "Juifs d'Orient" (judeus do Oriente, em francês). A mostra, que vai até 13 de março, trata das populações judaicas do mundo de cultura árabe -de uma história riquíssima, geralmente ignorada. A coleção parte dos primeiros contatos travados entre judeus e muçulmanos, com a emergência do islã na península Arábica, e passa pela produção intelectual dos califados medievais de Bagdá e Córdoba. Anteriormente, o instituto tinha dedicado exposições também aos muçulmanos e aos cristãos.
Como informa a RFI, um dos últimos painéis da mostra foi produzido pelo brasileiro João Luis Koifman. A partir de entrevistas e imagens, Koifman narra a história do bairro Wadi Abu Jamil, em Beirute, notável por sua população judaica hoje, após décadas de migração, quase nula. O painel é o resultado de seu trabalho de conclusão de curso de arquitetura e urbanismo na Universidade Federal Fluminense. "A grande maioria dos judeus libaneses tem uma nostalgia muito grande, um sentimento de pertencimento ao país, ao bairro, ao quarteirão, muito forte. Essa memória está viva na cabeça deles", disse à RFI.
Como conto em meu livro "Brimos", o Brasil abriga a maior diáspora árabe do mundo. Sírios e libaneses, em especial, começaram a migrar para o país no final do século 19, em meio às crises econômicas e sociais do Império Otomano. A maior parte deles eram cristãos, mas vieram também levas de judeus e muçulmanos. Na década de 1950, uma nova onda trouxe judeus do Egito, em fuga do regime de Gamal Abdel Nasser recentemente, entrevistei alguns deles para um projeto de história oral, na organização canadense Egypt Migrations.

