Em meio à pandemia de Covid-19, EUA registram menor taxa de natalidade em mais de 40 anos
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quarta-feira, 05 de maio de 2021
LUCAS ALONSO
<p>BAURU, SP (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos registraram, em 2020, o menor número de nascimentos de bebês em mais de 40 anos, à medida em que a pandemia de coronavírus forçou famílias a adiarem ou cancelarem planos de terem filhos.
</p><p>A taxa de natalidade nos EUA já vinha em queda nos últimos seis anos consecutivos, mas agora alcançou a menor marca desde 1979. Os cerca de 3,6 milhões de bebês americanos que nasceram no ano passado representam uma queda de 4% em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
</p><p>O CDC não atribui a queda diretamente à pandemia, mas especialistas vêm alertando que as diversas crises provocadas ou maximizadas pela Covid-19 têm impacto direto sobre a fertilidades das mulheres.
</p><p>Os altos índices de desemprego, o cenário de incerteza econômica, os efeitos do coronavírus sobre a saúde mental das famílias e até o fato de que há mais pessoas precisando dedicar atenção a familiares em recuperação são alguns dos fatores que podem estar relacionados à redução do número de nascimentos.
</p><p>Dados mais antigos mostram que os EUA viveram cenários parecidos em outros momentos de crise. Segundo estatísticas do Population Reference Bureau (PRB), uma organização sem fins lucrativos, a taxa de natalidade americana atingiu o mínimo histórico em 1936, sete anos após a quebra do mercado de ações em 1929, que mergulhou o país no período conhecido como a Grande Depressão.
</p><p>À medida em que a economia do país se recuperou, os EUA viveram uma explosão demográfica, o chamado "baby boom", concentrada principalmente no período pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
</p><p>A partir da década de 1960, no entanto, o índice médio de fertilidade começou a cair em decorrência de importantes mudanças sociais, como a ascensão dos movimentos feministas, o surgimentos de novos e mais eficazes métodos de contracepção e, em 1973, a legalização do aborto nos EUA.
</p><p>Em junho do ano passado, o Instituto Brookings, grupo de pesquisadores com sede na capital americana, publicou um relatório estimando que a crise de saúde pública causada pelo coronavírus e a consequente recessão econômica resultaria em uma queda de 300 mil a 500 mil nascimentos em 2021.
</p><p>Em dezembro, os pesquisadores revisaram a estimativa e a mantiveram em 300 mil nascimentos a menos neste ano, mas fizeram ressalvas a respeito de fatores cujo impacto na fertilidade ainda não havia sido mensurado de forma completa, como o fechamento de escolas e creches.
</p><p>Outro estudo, do Instituto Guttmacher, especializado em saúde reprodutiva, constatou que 34% das mulheres americanas, por causa da pandemia, adiaram seus planos de maternidade ou diminuíram a expectativa sobre a quantidade de filhos que desejavam ter.
</p><p>Além da incerteza sobre o futuro, a queda na natalidade também pode estar relacionada a um movimento de queda na frequência e no interesse por sexo.
</p><p>Uma pesquisa realizada ainda nos primeiros meses da pandemia nos EUA pelo Instituto Kinsey mostrou que 43,5% dos entrevistados relataram um declínio em sua vida sexual, enquanto 42,8% disseram não ter notado diferenças e 13,6% apontaram melhoras.</p>

