<p>BAURU, SP (FOLHAPRESS) - Enquanto autoridades de Israel trabalham nesta sexta-feira (30) para identificar as vítimas da tragédia ocorrida durante um festival religioso que reunia dezenas de milhares de judeus ultraortodoxos, as redes sociais tornaram-se uma enorme plataforma de informações sobre desaparecidos.

</p><p>Amigos e familiares têm compartilhado fotos de participantes do evento Lag B’Omer, em Monte Meron, no norte de Israel, em busca de informações sobre quem estava no estádio na noite da tragédia. Até agora, foram confirmados 45 mortos e 150 feridos, muitos em estado crítico.

</p><p>De acordo com uma série de relatos, o episódio ocorreu quando milhares de pessoas caminhavam por uma passagem estreita revestida por um piso de metal que estaria molhado e, portanto, escorregadio. Algumas pessoas teriam escorregado, derrubando outras e dando origem a um efeito dominó. Com o tumulto, muitos começaram a correr, o que só agravou a situação e provocou as mortes e os ferimentos.

</p><p>Algumas das histórias compartilhadas nas redes sociais são de alívio, como a de Eliyahu Kamar, contada pelo jornal Times of Israel. Ele não conseguia falar com o filho, que viajou sozinho para o festival. Ao saber do caso, Kamar foi a diversos hospitais procurando identificar o filho entre as dezenas de feridos.

</p><p>Sem sucesso, ele temeu que o filho estivesse entre os mortos e se dirigiu ao Instituto de Medicina Legal de Abu Kabir, em Tel Aviv, onde as autoridades pediam às famílias que identificassem os corpos de vários dos mortos em Meron. De acordo com o Ministério da Saúde, 32 dos 45 mortos já haviam sido reconhecidos até o início da noite (no horário local) desta sexta. Os trabalhos foram interrompidos após o pôr do sol, em respeito ao shabat judaico, e serão retomados na noite deste sábado (1º).

</p><p>Entre os mortos há crianças, adolescentes e adultos israelenses e de outras nacionalidades, visto que a peregrinação costuma atrair milhares de pessoas ao país todos os anos. Quando estava prestes a entrar no instituto, Kamar recebeu uma ligação da família. O filho acabara de entrar em casa, ileso, porém cansado, depois de horas de viagem de Meron até Or Yehuda, onde vive a família.

</p><p>“Está tudo bem, louvado seja Deus. Ele não pôde ligar porque estava preso no ônibus, e as linhas telefônicas haviam caído", contou Kamar. "Só quero enviar minhas condolências às famílias que não tiveram a mesma sorte que eu. Meu coração está com eles.”

</p><p>De acordo com a imprensa local, entre algumas das vítimas já identificadas pelas autoridades, há desde crianças de nove anos de idade, como Yehoshua Englander, até adultos, como Hanoch Slod, 52.

</p><p>Em entrevista a uma emissora de rádio, um porta-voz do Zaka, o principal serviço de emergência do país, disse que os celulares dos mortos não param de tocar. Segundo ele, os identificadores de chamadas mostram que alguns contatos estão salvos como "mãe" e "querida esposa", o que indica que, como Kamar —mas sem a mesma sorte—, familiares desesperados buscam informações sobre seus entes queridos.

</p><p>O país está oficialmente em luto. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que descreveu o que viu no Monte Meron como um "grande desastre", decretou luto nacional no próximo domingo (2).

</p><p>Enquanto as autoridades ainda buscam formas de identificar outras vítimas e notificar suas famílias, o premiê pediu à população que não espalhe rumores sobre o incidente e prometeu abrir "uma investigação abrangente, séria e detalhada para garantir que esse tipo de desastre nunca aconteça novamente".

</p><p>A tragédia, no entanto, era, ao menos parcialmente, anunciada. Diferentes órgãos de fiscalização emitiram alertas sobre a inadequação do espaço que sedia o festival para receber uma multidão tão grande.

</p><p>Em 2008, um relatório da Controladoria do Estado concluiu que havia uma "falha sistêmica" no local, observando que as ingerências de autoridades de âmbitos diferentes criavam uma situação caótica que poderia gerar danos ao espaço sagrado e colocar os religiosos que o frequentam em perigo.

</p><p>Três anos depois, o órgão emitiu um novo relatório, enfatizando que o estádio não estava preparado para receber centenas de milhares de pessoas. "Não se deve permitir que a situação existente continue, da estrutura negligenciada onde grupos fazem o que desejam ao abandono de um local de grande importância nacional e religiosa", disse a controladoria, à época.

</p><p>Segundo as regras locais, a região do Monte Meron não deveria ter permissão para receber mais de 15 mil pessoas. O limite de público é anterior às restrições impostas para conter a propagação do coronavírus que, em 2020, levaram ao cancelamento da peregrinação anual. A estimativa de público desta quinta-feira era de mais de 100 mil pessoas, um número significativamente maior que em anos anteriores.

</p><p>A Procuradoria-Geral de Israel anunciou que "examinará se há suspeitas de criminalidade por parte da polícia na tragédia de Meron”. A suspeita se deve ao fato de que os homens que faziam a segurança do local, segundo testemunhas, teriam bloqueado a saída do evento, sem saber o que estava ocorrendo.

</p><p>O ministro da Segurança Pública israelense, Amir Ohana, que supervisiona a polícia e esteve presente no evento na quinta-feira, poucas horas antes da tragédia, pediu a abertura de um inquérito independente.

</p><p>“Está claro que uma análise independente de todos os aspectos ligados ao planejamento do evento será necessária, [incluindo a] preparação, responsabilidades, infraestrutura e assim por diante”, disse Ohana.

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</p><p>REPERCUSSÃO

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</p><p>"A tragédia do Monte Meron é um dos maiores desastres que se abateu sobre o Estado de Israel. Lamentamos as vítimas. Nosso coração está com as famílias e também com os feridos, e desejamos sua plena recuperação."

</p><p>BINYAMIN NETANYAHU, primeiro-ministro de Israel

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</p><p>"Este é um dia terrível e doloroso. Uma tragédia de partir o coração. Nossas orações e pensamentos estão com os feridos e com as famílias dos mortos e desaparecidos na terrível tragédia no Monte Meron."

</p><p>REUVEN RIVLIN, presidente de Israel

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</p><p>"Os EUA estão ao lado do povo de Israel e das comunidades judaicas em todo o mundo, lamentando a terrível tragédia no Monte Meron. A perda de vidas entre os religiosos que praticam sua fé é de partir o coração. Instruí minha equipe a oferecer nossa assistência ao governo e ao povo de Israel enquanto eles respondem ao desastre e cuidam dos feridos. O povo dos Estados Unidos e de Israel está unido por nossa família, nossa fé e nossa história, e estaremos ao lado de nossos amigos."

</p><p>JOE BIDEN, presidente dos Estados Unidos

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</p><p>“A Rússia compartilha da dor do povo amigo de Israel.”

</p><p>VLADIMIR PUTIN, presidente da Rússia

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</p><p>"Estamos profundamente tristes ao saber da tragédia que ocorreu no Monte Meron, em Israel. Lamentamos as vidas perdidas, estendemos nossas mais profundas condolências às famílias e oramos para que os feridos se recuperem rapidamente."

</p><p>ANTONY BLINKEN, secretário de Estado dos EUA

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</p><p>"Meus pensamentos estão com as pessoas de Israel na sequência do acidente de ontem no Monte Meron. Desejamos a vocês força e coragem para superar esses tempos difíceis."

</p><p>CHARLES MICHEL, presidente do Conselho Europeu

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</p><p>"As notícias que nos trouxeram sobre a tragédia na festa de Lag B'Omer, no Monte Meron, em Israel, são angustiantes. Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias."

</p><p>HEIKO MAAS, ministro das Relações Exteriores da Alemanha

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</p><p>"Cenas devastadoras no festival Lag B'Omer, em Israel. Meus pensamentos estão com o povo israelense e com aqueles que perderam entes queridos nesta tragédia."

</p><p>BORIS JOHNSON, primeiro-ministro do Reino Unido

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</p><p>"Nossas mais sinceras condolências para as famílias das vítimas dessa terrível tragédia que aconteceu durante as celebrações de Lag B'Omer, no Monte Meron. Desejamos força e uma rápida recuperação aos feridos."&#8203;

</p><p>Embaixada de Israel no Brasil

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