BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em pronunciamento em rede nacional de televisão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu resultados da campanha de vacinação do governo federal, atribuiu o avanço do plano ao presidente Jair Bolsonaro e fez um apelo para que pessoas que estão com a segunda dose em atraso busquem postos para concluir sua imunização.

O ministro classificou de "sucesso" a campanha de vacinação do país, reafirmando as promessas de que a população adulta no Brasil estará vacinada com a primeira dose até setembro e com o esquema vacinal concluído até o final do ano.

Em dois momentos, ele atribuiu a Bolsonaro a orientação para que o governo promovesse uma estratégia eficiente de vacinação.

O mandatário tem um histórico de declarações que questionam a eficácia de imunizantes e chegou a determinar, no ano passado, que o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, cancelasse uma parceria para aquisição da Coronavac -chamada por ele de vacina chinesa de João Doria.

Além do mais, o governo federal ignorou durante meses ofertas da farmacêutica Pfizer para o fornecimento de doses.

"O Ministério da Saúde, conforme determinação do presidente da República, promoveu estratégia diversificada de acesso a vacinas", disse Queiroga no pronunciamento.

Em outro momento, ele voltou a exaltar o papel do presidente.

"Destaco, em especial, a celebração do contrato de transferência de tecnologia entre a Fiocruz e a AstraZeneca, que permitirá a produção completamente nacional das vacinas. Trata-se de um resultado tangível da aposta exitosa do presidente Jair Bolsonaro na promoção do acesso de todos brasileiros a vacina contra a Covid-19", disse o ministro.

Dados do consórcio de veículos de imprensa mostram que, até o momento, 62,7% da população adulta já recebeu ao menos uma dose da vacina contra a Covid, e 24,1% receberam as duas doses.

Em discursos, Queiroga vem dizendo que a meta é vacinar toda a população com uma dose contra a Covid até setembro, e com duas doses até dezembro.

Nesta terça, o ministro disse ainda que adolescentes de 12 a 17 anos devem ser incluídos na vacinação após a pasta concluir o envio de ao menos uma dose para os adultos nesse primeiro intervalo.

A prioridade, informou, devem ser adolescentes com comorbidades.

A decisão foi adotada em reunião com representantes de secretários estaduais e municipais de saúde.

No mesmo encontro, secretários contestaram anúncio feito pelo ministro sobre a possibilidade de reduzir o intervalo de doses da Pfizer de três meses para 21 dias, o que era estudado pela pasta já em agosto.

Com isso, a previsão, agora, é que essa redução ocorra apenas após a vacinação de todos os adultos com uma dose.

Gestores também têm feito críticas ao Ministério da Saúde pela demora em enviar novas doses de vacinas, fator que o grupo tem alegado como motivo para suspensão frequente da campanha em algumas capitais.

Já o ministro nega que haja estoque represado e tem atribuído a lentidão a questões burocráticas.

"Não há estoque de vacina. O que há é que, quando as vacinas chegam no aeroporto, elas precisam ser avaliadas pela chancela da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Segundo, precisa passar pelo controle do INCQS [Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde]. Também tem a questão da Receita Federal", afirmou Queiroga na segunda (26).