BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) recebeu diagnóstico de Covid-19 nesta sexta-feira (24). O diagnóstico foi confirmado pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em suas redes sociais.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), e o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Bruno Bianco, também confirmaram a infecção no mesmo dia.

Eduardo integrou a comitiva do presidente Bolsonaro que viajou a Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU.

Todo o grupo que esteve nos Estados Unidos foi colocado em isolamento, por recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, receber o diagnóstico de Covid na terça-feira (21).

Três membros do grupo levado aos Estados Unidos receberam diagnóstico da Covid. Além de Eduardo e Queiroga, um funcionário do cerimonial da Presidência recebeu o diagnóstico no sábado (18), véspera da chegada do presidente.

O deputado disse no Twitter não acreditar que e a vacina é "inútil" por causa da sua infecção. Mas afirmou que é "mais um argumento conta o passaporte sanitário". "Sabemos que as vacinas foram feitas mais rápidas do que o padrão. Tomei a 1ª dose de Pfizer e contraí Covid", afirmou ele na rede social.

Apesar da fala de Eduardo, a vacina da Pfizer, entre outras, têm eficácia e segurança reconhecidas pela Anvisa. São necessárias duas doses deste imunizante para alcançar a proteção medida nos estudos.

As chances de contaminação caem após a vacinação, mas não há como impedir o contágio. A própria Anvisa afirma que entre os principais ativos dos imunizantes está a redução dos casos graves.

Os dados do SUS mostram queda de internações após o começo da campanha de vacinação.

Membros da comitiva de Bolsonaro não usaram máscaras e fizeram aglomerações em alguns momentos da viagem aos Estados Unidos, aumentando as chances de contaminação. Mesmo depois de saber da infecção de Queiroga, o presidente cumprimentou apoiadores.

Eduardo também afirmou que recebeu resultado negativo de exame para Covid feito em Nova York. "Aqui no Brasil, dois dias depois positivou", disse o deputado em um comentário escrito por ele em página bolsonarista do Youtube. "Sinto-me melhor do que ontem e nem te conto o que tomei...", completou.

O deputado não detalhou o tratamento escolhido, mas ele defende o uso de medicações sem eficácia contra a Covid, como a hidroxicloroquina.

Eduardo disse ao portal R7 que fez o teste na quinta (23) e recebeu o resultado nesta sexta-feira. Já a ministra da Agricultura afirmou em sua conta no Twitter que está bem, cancelou compromissos e ficará isolada para cumprir quarentena.

Somando os diagnósticos desta sexta-feira, 18 ministros de Bolsonaro foram infectados pela Covid. A conta considera autoridades que já deixaram o governo, como Ricardo Salles, mas que confirmaram o contágio enquanto estavam no cargo de ministro.

O ministro da AGU esteve na cerimônia de recondução do procurador-geral da República, Augusto Aras, na quinta-feira (23). O ministro da Casa Civil também esteve no evento. Imagem divulgada pelo Palácio do Planalto mostra Bianco cumprimentando Aras, que estava sem máscara.

Já a agenda de Tereza Cristina registra jantar com o embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, na terça-feira (21). No dia seguinte, a ministra teve reuniões com a senadora Kátia Abreu (PP-TO) e com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Ela não viajou com Bolsonaro aos Estados Unidos.

A ministra publicou imagem da conversa com Tarcísio, que não usava máscara. Ela também recebeu outras autoridades nesta semana, como o secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade São Paulo, Antonio Pinheiro Pedro.

O presidente Bolsonaro deverá realizar um novo teste RT-PCR no fim de semana e sair do isolamento se não for detectada a presença do vírus.

Uma autoridade da Anvisa disse que quem teve contato Eduardo e os ministros com diagnóstico da Covid também devem se isolar por pelo menos cinco dias.

Em transmissão nas redes sociais na quinta-feira (23), Bolsonaro disse que duas pessoas conhecidas foram infectadas com Covid, mesmo vacinadas. Bolsonaro usou os diagnósticos para voltar a desacreditar os imunizantes, mas não citou quem havia testado positivo para Covid.

"Vou amanhã ligar para elas, para elas divulgarem. Mostrar que vacinas tomaram, para a gente realmente ter um protocolo que funcione.

Bolsonaro levou uma comitiva de 18 pessoas a Nova York, mas os integrantes da equipe de apoio também foram isolados.

Após o diagnóstico de Queiroga, que faz quarentena em Nova York, Bolsonaro decidiu fazer reunião de trabalho online e cancelar a ida ao interior do Paraná na sexta-feira (24).

O avião presidencial decolou na noite de terça dos Estados Unidos e pousou em Brasília no início da manhã desta quarta (22). Bolsonaro seguiu para o Palácio da Alvorada, residência oficial

A viagem de Bolsonaro foi marcada por um discurso negacionista na ONU, em que ele atacou medidas de distanciamento social e defendeu medicamentos comprovadamente ineficazes para a doença.